
É Findi - Guerra: A Dor que Não Cala - Crônica, por Maria Inês Machado*
19/07/2025 -
O choro é o desabafo da alma oprimida pela dor. As lágrimas caem em profusão.
É a dor do abandono, de ver os corpos caídos, ensanguentados.
É a dor da separação sem perspectiva de retorno.
Enquanto isso, a orgia dos etílicos promove a falsa alegria do “dever cumprido”.
A pátria chora em silêncio e expulsa, do território do progresso, as almas escandalosas que se comprazem com a guerra.
Aparentemente vitoriosos, mas no fundo, débeis mentais jogados ao chão pelas milícias do poder temporário.
Até quando a morte do homem pela sua própria espécie?
Na cadeia alimentar dos irracionais, o equilíbrio ecoa como demonstração de um raciocínio talvez instintivo.
Enquanto isso, o ser considerado inteligente da natureza defende territórios fictícios com armas mortíferas.
Progresso?
Carnificina de olhos enviesados que enxergam apenas o quadrado que lhes interessa.
A expansão territorial lhe convida a saltos qualitativos, mas a ganância — arma destruidora do homem pelo próprio homem — brilha intensamente no mundo dos condenados, onde se matam sonhos com as canetas obscuras na madrugada.
Lamenta-se a guerra, tenta-se a paz nos tatames dos interesses velados, escondidos sob o manto espesso da noite.
O número de corpos caídos cresce. Famílias desoladas. Vasilhas vazias se erguem e imploram por alimento.

A necessidade é do corpo, pois a alma já se encontra vencida pela dor.
É fome.
É morte.
É a mão mecânica da maldade, que usurpa direitos e cobre o rosto com o véu da usura.
Final da guerra... Onde? Quando? Por quê?
As respostas jazem imputadas nas carcaças dos interesses mesquinhos.
Lutar é desbravar a alma no entendimento dos direitos humanos.
É ampliar o foco.
Vencer os interesses egoístas.
Erguer, mais alto, a bandeira da dignidade — para todos.
*Maria Inês Machado é psicóloga, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental e em Intervenção Psicossocial à família. Possui formação em contação de histórias pela FAFIRE e pelo Espaço Zumbaiar. Gosta de escrever contos que retratam os recortes da vida. Autora do livro infantojuvenil 'A Cidade das Flores'.
