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Josemir Camilo lança amanhã livro sobre papel da PB, novo nome e nova cronologia para a Confederação do Equador - Confira

14/11/2025 -

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A proposta de trazer a Paraíba para o centro da História da Confederação do Equador, defendida pelo professor PHd Josemir Camilo de Melo, é o tema do livro que será lançado amanhã, sábado, 15/11, no piso superior do Museu de Arte e Ciência de Campina Grande. O evento esta marcado para as 14h40 e faz parte da programação da Flic - Feira Internacional de Literatura de Campina Grande.

Nova abordagem

O historiador Josemir Camilo defende uma nova
interpretação que revisa o papel da Paraíba no movimento revolucionário e liberal de 1824 e pretende ir mais adiante do que simplesmente fazer uma “justiça historiográfica”.
Faz, ao mesmo tempo, uma revisão no conceito da própria Confederação do Equador e revisa a duração de sua ocorrência, além de estabelecer nova cronologia baseada em eventos que chama de gatilhos.

Novo tempo

Camilo propõe alterar o nome do fato histórico de "Confederação do Equador" para “Revolução Confederada e Constitucionalista das Províncias do Norte Oriental" que ocorre, segundo sua tese, entre novembro de 1823 e novembro de 1824.





A mudança

Segundo Camilo, se faz necessária para incluir fatos e ocorrências, bem como discursos e atitudes que manifestam um caráter revolucionário em andamento, "valendo-se, inclusive, da capa da dissimulação e do silêncio, bem de como atitudes provocadoras e recuos em palavras e proclamações".

A mudança do nome do acontecimento, que conforme a historiografia adotada começa no 2 de julho de 1824 e alcança apenas as imediatas subsequências do gesto de proclamação da República Confederada, justifica-se, segundo o historiador, para nivelar a conceituação de uma série de fatos que culminaram com o enfrentamento de tropas de ambos os lados numa sequência de vários meses. Antes da Proclamação no Recife, em 2 de julho de 1824, reconhecida como data oficial, já existiam combates e enfrentamentos. Como no 8 de janeiro do mesmo ano, no Ceará, Quixeramobim, sob a lideranca do Padre Mororó e a declaração da rejeição aos Bragança. Em 24 de maio de 1824, aconteceu a grande Batalha do Riacho das Pedras, em Itabaiana (PB), antecipando o 2 de julho, quando aconteceu a Proclamação da Confederação do Equador, em Pernambuco.

Indo mais atrás

Acrescente-se um "abril vermelho" configurado na rejeição dos presidentes nomeados por D. Pedro nas províncias de Pernambuco, Paraíba, Ceará e vacuidade no Rio Grande do Norte.
Ainda mais para trás o primeiro gatilho, o golpe do "18 Brumário de Frei Caneca" entre 10 a 13 de novembro de 1823, movimento simultâneo à dissolução, por D. Pedro I, da primeira Assembleia Constituinte e Legislativa, em 12 de novembro daquele ano.

O segundo gatilho

Vem depois do fechamento da Assembleia e está ligado ao golpe contra os deputados Constituintes. Foi a criação, por ato arbitrário do Imperador, do cargo de presidentes de províncias e nomeação de ocupantes pelo próprio Imperador. Camilo considera o ato "uma flagrante burla pois o cargo não tinha ainda sido sequer regulamentado. Além do mais, a contradição de legalizar um ato da Constituição que fora embargada pelo próprio mandante, exercendo já o Poder Moderador, que só viria a ser sacramentado na Constituição feita por seus convidados e outorgada por ele no ano seguinte", registra.

O terceiro gatilho

Baseado neste segundo, e defendido por Frei Caneca, em 6 de junho, refere-se à rejeição a se jurar a Constituição outorgada.
O quarto e explosivo gatilho vem da portaria imperial, de 11 de junho, uma fake news, como se diz hoje, alegando que Portugal enviaria uma esquadra para invadir o Brasil e, por lógica, o Norte Oriental, a começar por Pernambuco. Daí, que surge a Proclamação da Confederação do Equador, de 2 de julho, pelo presidente de Pernambuco, Manoel de Carvalho Paes de Andrade, um gesto, originalmente, muito mais para autodefesa, segundo Camilo.

Norte Oriental

Registre-se que na época não existia o conceito de "Nordeste", que só seria adotado a partir do século XX, a partir, principalmente, do livro do mesmo nome de Gilberto Freyre, passando a constar em documentos oficiais a partir do Estado Novo. O Brasil era dividido, no século XIX, em Norte e Sul, com suas subdivisões. Todo o clima revolucionário que surgiu neste "Norte Oriental", como se dizia na época, teve início na reação dos deputados liberais da região com o fechamento da Assembleia Constituinte, lançando, em Pernambuco, um Manifesto anti-imperial, em 13 de dezembro de 1823, daí, seguindo-se para o Ceará e Paraíba, conclamando as massas para rejeitar o fechamento da Assembleia bem como a nomeação dos presidentes. A Paraíba, como fez Pernambuco, rejeitou o presidente nomeado, Felipe Neri Ferreira, acusando-o de “lusitanismo”, sentimento surgido tanto pelo plano nacional, em que o grupo português apoiava o Imperador e foi o detonador do gatilho do fechamento da Assembleia, como pelo fato de que, na Paraíba, um motim, em setembro de 1823, levou alguns militares a agitar a bandeira portuguesa pelas ruas da capital. Em retaliação, a Junta Provincial expulsaria algumas dezenas de portugueses, lá estabelecidos.





Em Pernambuco

Não houve o episódio de “lusitanismo”, mas a província “exportou” um adepto deste movimento, segundo interpretações liberais, para a Paraíba. Ou seja, o presidente nomeado pelo Imperador, o ex-revolucionário de 1817 Felipe Neri Ferreira. Este foi rejeitado por cinco das nove vilas, aclamando-se um governo alternativo, na pessoa do sargento-mor, da vila do Brejo de Areia, Félix Antônio Ferreira de Albuquerque, que liderou as tropas liberais, na povoação de Itabaiana, a um enfrentamento militar de cerca de 3.500 homens, numa batalha campal de quatro horas, com 123 mortos, sendo 90 dos imperiais de Felipe Neri, que, apesar de ter maior força, recuou para capital, fazendo com que as forças liberais, reforçadas com tropas pernambucanas de fronteiras, avançassem mais para perto da capital.

Estopim

É esta batalha do Riacho das Pedras o detonador de toda a campanha confederada, posterior, pois amalgamou líderes e tropas da Paraíba e de Pernambuco, com alguma participação isolada de representantes cearenses, a partir do acampamento de Feira Velha, na povoação de Pedras de Fogo. E o prosseguimento das lutas confederadas, após a queda de Pernambuco, até o Ceará onde, marchando na grade seca de 1824, famintos e com menos armas, se rendem, no Ceará, em 29 de novembro de 1824. A marcha, liderada por Frei Caneca, foi objeto de estudo e tema de palestra recente do historiador Fernando Farias Guerra no Instituto Histórico e Geográfico Pernambucano - Iahgp.





Novo horizonte

"Tal perspectiva alarga o horizonte revolucionário da chamada Confederação do Equador, pois, se ficarmos, como a historiografia atual faz, simplesmente na data da Proclamação, o 2 de julho, até a desistência do seu idealizador, o presidente de Pernambuco, Manoel de Carvalho, em 12 de setembro, teríamos apenas 71 a 78 dias da existência da chamada Confederação do Equador. Mas se adotarmos o início desta revolução confederada e constitucionalista a partir do fechamento da Assembleia Constituinte e Legislativa, entre 10 e 13 de novembro de 1823, e incluir toda a campanha pelos sertões, registrada por Frei Caneca, em seu importante documento Itinerário, veremos que esta proposta se prolonga até 29 de novembro de 1824, com a prisão do comandante das forças confederadas, o sargento-mor e presidente temporário da Paraíba, Félix Antônio Ferreira de Albuquerque e seu secretário Frei Caneca", o movimento fica com sua duração real, um ano e 16 dias, explica Josemir Camilo.

Amanhã

O público presente à Flip e interessados no tema poderão interagir pessoalmente com o professor Josemir Camilo. O Poder antecipa as linhas gerais
dessa inovadora e instigante proposta de revisão historiográfica e política, presente na obra 'A Paraíba na Confederação do Equador'.
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