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Gol de Letra, coluna semanal por Roberto Vieira*- O cancelamento de Fernanda Torres

11/11/2024 - Jornal O Poder

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O filme 'Ainda estou aqui', sobre o desaparecimento, tortura e assassinato do engenheiro e político Rubens Paiva pela ditadura militar em 1971, teve sua avant premiere no Cinema São Luís, em Recife. O diretor Walter Salles esteve presente e teceu comentários sobre a importância da obra na história brasileira.




Rubens Paiva

Arigó envia mensagens do além. Bucher, o diplomata suíço sequestrado no Brasil, volta para casa após depositar flores no túmulo do agente Hélio Carvalho, morto pelos sequestradores ao defender Bucher. Manhã no Rio de Janeiro, a casa de Rubens Paiva é invadida naquele 20 de janeiro de 1971. Paiva acalma os invasores, veste o terno e sai acompanhado do destino. Foi preso, surrado, torturado, morto, enterrado, desenterrado, enterrado, desenterrado e jogado no mar. Durante anos, o governo militar e seus algozes mentiram sobre a barbárie.

Fernanda

A atriz Fernanda Torres, nas propagandas do filme 'Ainda estou aqui', convida adeptos do centro e da direita no Brasil a assistirem ao filme. É a primeira vez que um grande artista brasileiro vem a público solicitar o não cancelamento do seu trabalho.



Cancelamento

O cancelamento atual na vida e nas redes sociais é filho dos linchamentos, listas negras, expurgos, boicotes e geladeiras do passado. Sempre se cancelou no planeta, desde o ostracismo grego, mas a forma agora é sutil e cruel. O indivíduo que não pensa como você é silenciosamente suprimido. Perde voz, liberdade de expressão e direito até mesmo ao ganha pão. O cancelamento é clone da patrulha ideológica, termo cunhado por Cacá Diegues, em 1978, sobre a manipulação da cultura pelos adeptos da esquerda brasileira. Porém, o cancelamento das esquerdas acaba de se mostrar infrutífero nas eleições americanas. Trump teve contra si Taylor Swift, Robert de Niro, Madonna, Bon Jovi, Tom Hanks e 99,5% da mídia. Mas Trump venceu. Após a vitória de Trump, a grande pergunta surge: os eleitores de Trump vão cancelar os artistas que fizeram campanha para Kamala Harris?




Bolso

Cada um de nós deve ter liberdade de pensamento. Ser chamado de lixo, como Biden chamou os eleitores de Trump, ou nazistas e fascistas, como muitos artistas classificam quem não pensa como eles, é estranho. Censurar ou cancelar deveria ficar restrito a regimes autoritários. Como aquele que matou Rubens Paiva. Mas pode apostar, a liberdade de pensamento vai voltar, firme e forte, porque a parte mais sensível do corpo humano é o bolso, segundo o ex-ministro Delfim Neto. Delfim que era todo poderoso no governo que matou Rubens Paiva. Delfim que a própria história enterrou.

*Roberto Vieira é médico e cronista, várias vezes cancelado. Escreve a seção Gol de Letra nas segundas-feiras no Jornal O Poder. O texto é dedicado a Milan Kundera, Boris Pasternak e Mario Vargas Llosa.
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