
Não dá pra ser feliz, por Malude Maciel*
04/02/2025 -
A capital do meu Estado é belíssima: Recife de encantos mil, chamada de: "Veneza Brasileira". Vista do alto tem uma imagem esplêndida, cortada por rios e pontes, tendo o mar aos seus pés.
Estive mais uma vez no Recife antigo que é um bairro da cidade de Recife-PE. Surgido na metade do século XVI devido ao porto, construído para escoar o pau-brasil e outros produtos derivados do açúcar, quando a capital pernambucana era Olinda. Inicialmente o bairro era denominado de Arrecife dos Navios e fica na zona norte que corresponde ao noroeste do município onde existe o Centro Histórico e o Marco Zero. Por lá acontecem infinidade de atrações, convergindo História, Arte e Cultura.
Desta feita, encontrei animada festa pré-carnavalesca, como um ensaio do que deve ser o carnaval deste ano, coisa de que não participo e temo pela saúde física e espiritual dos que exageram.
Silvério Pessoa
No palco estava o cantor e compositor Silvério Pessoa dando um show de interpretação com músicas de Carlos Fernando e Onildo Almeida, ambos de Caruaru, e também de Getúlio Cavalcanti, Alceu Valença, além de outras selecionadas. Uma verdadeira evocação às composições raízes de nosso folclore que dava satisfação escutar. Tudo bonito e emocionante. Outros artistas iriam se apresentar, porém não esperamos, pois ali carece de uma segurança que tranquilize o auditório. Na hora de estacionar e buscar o veículo há sempre risco de ser assaltado naquelas ruas estreitas e escuras, onde o bandido poderá estar à espreita.
No entorno
Logicamente nessas oportunidades de aglomeração, os vendedores aproveitam pra negociar vários tipos de produtos, tanto comestíveis como diversificados e, naquele ponto não era diferente. Várias barraquinhas com guloseimas ( bolo de rolo não poderia faltar) também artesanatos, etc.
Embora estivesse num momento de alegria com familiares, era impossível não observar o movimento dos catadores de latas por todo lugar. Gente humilde, maltrapilha, bêbada, umas figuras horrendas, falando palavrões, destoando do ambiente tão eclético em bom gosto, carisma e poesia. Embora estivessem trabalhando era deprimente, chocante.
Saí dali ao mesmo tempo alegre ao pensar em mim e no próximo mais próximo e angustiada ao ver os mendigos no meio da plateia, absorta, talvez invisíveis para alguns, na sua miserável sina de catar restos, mas marcavam presença de instante em instante revirando lixeiras, chamando a atenção, passando ao lado, como quem grita: ainda estamos aqui!
*Malude Maciel, Academia Caruaruense de Cultura, Ciências e Letras, ACACCIL.