Quando Robert Prevost escolheu o nome de Leão XIV para seu pontificado, alguns torcedores pernambucanos voltaram no tempo. Claro que não voltaram ao século XIX nos idos do Papa Leão XIII. Eles voltaram foi ao campeonato pernambucano de 1975. Mas porque será?

Silvio Pessoa

Silvio Pessoa assumiu uma barca furada: a presidência do Sport Club do Recife em 1973/4. O clube da Ilha devia água, luz, jogadores, INPS, Deus e o Diabo na terra do sol. Silvio dispensou a turma mais cara, botou juvenis como Adeildo e Odilon em campo, trouxe Cilinho pra técnico, pagou as contas, porém completou 12 anos sem título estadual. Ainda por cima levou de 5x0 do Náutico em 1974.

Jarbas Guimaraes

Clube saneado, Jarbas Guimaraes ganha as eleições do Sport, saca da caneta e assina cheques a torto e direito. Contrata o técnico Duque, os goleiros Toinho e Tobias, o meia Assis Paraíba e o célebre artilheiro Dario, o maior goleador do Brasil naqueles tempos.

Moura Cavalcanti

O governador Moura Cavalcanti é rubro negro. No III Baile de Vassourinhas, Jarbas de smoking recebe o aperto de mãos de Dario, trajado em uniforme de jogo. Dario promete gols e o campeonato. Os olhos de Moura Cavalcanti brilham de alegria. Política e futebol andam juntos.




Leão XIII

As paredes do Recife em 1975 estavam cobertas de inscrições LEÃO XIII. Mas não eram sobre o antigo papa. Aqueles eram grafites sobre a possibilidade do Leão da Ilha completar seu décimo terceiro ano em jejum. Foram sete títulos alvirrubros e cinco conquistas tricolores entre 1963 e 1974. Pior. As equipes do Náutico e Santa Cruz eram extraordinárias. O nome do Sport ainda saía grafado ESPORTE. Putz.

Seleção do Nordeste

Com uma vitória de 1x0 sobre o Náutico nos Aflitos, gol de Assis Paraíba, o Sport ganhou seu vigésimo título estadual. O time foi apelidado de Seleção do Nordeste. A arbitragem calamitosa no jogo final do árbitro Sebastião Rufino entrou para a história, assim como a foto da equipe com o governador Moura Cavalcanti e o lema criado por Jarbas Guimaraes: Sport 1975, vinte vezes campeão. Depois da conquista, ninguém mais lembrou de Silvio Pessoa ou do Papa Leão XIII. Pelo menos até semana passada.

* Roberto Vieira é médico e cronista. Escreve a coluna Gol de Letra no Jornal O Poder nas segundas feiras e nunca esqueceu da arbitragem de Sebastião Rufino naquela tarde de domingo.