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Como são eleitos os papas - a ascensão de Pio X, por Roberto Vieira*

23/04/2025 -

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O adeus ao papa Francisco leva o Vaticano novamente ao centro das atenções mundiais. Todas as vezes que um papa diz adeus, as notícias sobre a eleição do novo pontífice ganham manchetes da mídia e mente dos católicos do planeta. Iniciamos aqui um breve resumo das eleições papais ocorridas desde o início do século XX, quando Roma já era acompanhada de perto em tempo quase real, mesmo sem Instagram ou Facebook. O primeiro papa da lista é Pio X, o menino pobre que virou santo.

Áustria

Embora especialistas insistam nos quatro séculos de papas italianos entre a eleição, em 1522, do holandês Adriano VI, até a chegada do polonês João Paulo II, em 1978, Giuseppe Melchiorre Sarto tem nome e sobrenome italiano, mas nasce em 1835, quando a vila de Riese integra o Reino da Lombardia-Veneza, parte do Império Austríaco. Filho do carteiro da vila, Sarto se destaca como aluno mais inteligente da escola – sem falar nas travessuras com os amigos nos intervalos das aulas. Tanta inteligência proporciona ao menino pobre, em 1850, uma bolsa de estudos no Seminário de Pádua. Foi o mesmo ano da coroação do Imperador Francisco José, na Áustria. Sarto tem quinze anos. Francisco, vinte.





Rosa e Silva

Giuseppe Sarto é eleito papa Pio X no dia 4 de fevereiro de 1903. São necessárias cinco votações no Conclave. A eleição de Sarto só é possível porque chega ao Conclave o veto do imperador Francisco José à candidatura de Mariano Rampolla, cardeal e secretário do antigo papa Leão XIII. Os votos de Rampolla acabam transferidos para o futuro papa Pio X. Enquanto Roma ferve, Pernambuco explode sob o domínio de outro imperador, o Conselheiro Rosa e Silva, senador, antigo vice-presidente da república, dono do Diario de Pernambuco e patrono de Manoel Moreira, prefeito do Recife, e Antonio Gonçalves Ferreira, governador do estado. Entre os desafetos de Rosa e Silva está Delmiro Gouveia. Rosa e Silva manda tocar fogo, literalmente, no majestoso centro de compras de Delmiro, no bairro do Derby.

Sissi

A Imperatriz Sissi fica famosa no cinema na trilogia dos anos 1950, sendo interpretada pela austríaca Romy Schneider. Sissi foi o grande amor do imperador Francisco José. No dia 10 de setembro de 1898, o Cardeal Sarto recebe a notícia do assassinato da Imperatriz Sissi com uma punhalada no coração, em Genebra. O assassino é o anarquista Luigi Lucheni. Luigi responde sorridente aos interrogatórios, justificando seu crime com as seguintes palavras: "Porque sou anarquista. Porque sou pobre. Porque amo os operários e quero a morte dos ricos".





Modernismo

O modernismo teológico ganha força no final do século XIX, buscando reinterpretar a religião sob a luz do pensamento científico. O termo modernismo é usado pela primeira vez pelo papa Pio X, na encíclica Paescendi Dominici Gregis, de 1907, a qual considera o modernismo a síntese de todas as heresias. Convém lembrar que a Semana de Arte Moderna, realizada no Brasil em 1922, utiliza o termo modernismo, talvez ironizando o Juramento Antimodernista, criado por Pio X, em 1910. O juramento foi obrigatório a todos os religiosos até 1967.





Pio X

Pio X não aceitou de imediato o resultado do Conclave. O veto da Áustria na eleição foi um choque para os cardeais. Após muitos apelos, orações da Capela Sistina e instantes de solidão, Pio X assume o cargo. Ele suspeita que o apoio de Mantolla ao Partido Social Cristão da Áustria, antiliberal e antissemita, havia sido visto com indignação por Francisco José. O Imperador teria escolhido o Conclave para se vingar. Para evitar que outros vetos ocorram no futuro, Pio X extingue o direito de veto, em 1904. Longe dali, em Viena, ainda amargurado pelo assassinato de Sissi, Francisco José olha o retrato da amada. Francisco nunca esqueceu a morte do seu filho Rodolfo. O Cardeal Mantolla implacável sem permitir o enterro do seu filho em campo santo, pois havia a hipótese de suicídio de Rodolfo. Sissi inconsolável. Enquanto fosse vivo, Mantolla nunca seria Papa. Muito melhor o filho do carteiro.

*Roberto Vieira é médico e cronista. Escreve nas segundas-feiras, a coluna Gol de Letra no Jornal O Poder. Pio X foi canonizado no dia 29 de maio de 1954. Ele e Francisco são os últimos papas sem doutorado.

NR - Este artigo inicia uma série exclusiva, assinada por Roberto Vieira, um dos maiores cronistas do Brasil contemporâneo, abrangendo o perfil e como ascenderam todos os papas desde o início do século XX.
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