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Descobrimento - O primeiro não ou o verdadeiro começo do Brasil que a história tentou esconder

24/04/2025 -

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Por Zé da Flauta*

Antes de chegarem à Bahia, chegaram ao Rio Grande do Norte. Mas isso ninguém ensina. Porque o que aconteceu ali, na curva do Cabo de São Roque, foi bonito demais pra caber nos livros, e perigoso demais pra ser lembrado. Quando Cabral e sua comitiva pisaram nas areias de Touros, esperavam desfile, tambor, talvez um pouco de medo. Mas encontraram um povo em pé. Calmo. Sem espanto. Com a postura de quem sabia o que estava acontecendo, e sabia mais do que eles.





Convicção

Não disseram uma palavra. E não precisaram. Olharam nos olhos de Cabral com uma serenidade tão desconcertante, que foi como um discurso inteiro de soberania, dito com olhares, posturas e a firmeza do corpo. Nenhum joelho se dobrou, nenhum rosto se desviou. Era como se dissessem, com cada músculo firme: “Sabemos quem somos. Sabemos que viriam, as aves e o vento nos avisaram. E não precisamos de vocês.” Um silêncio que doía. Um silêncio que dizia: aqui já tem lei, já tem povo, já tem tempo.





Decepção

Cabral ficou desconcertado. O primeiro escalão, preparado para discursos, ajoelhamentos, dominação simbólica, como de costume, só conseguiu trocar olhares entre si, meio sem jeito. Depois de tanta preparação, de tanta vela soprada em Lisboa, de tanto ouro investido, o que encontraram ali foi o mais bonito e aterrador de todos os obstáculos: gente que não se impressionava, sabiam onde estavam e o que queriam. O que viram foi uma consciência de terra, de pertencimento, de mundo. E isso, não se conquista, se respeita.

Respeito

Mas respeitar nunca foi a prioridade da história oficial. Por isso, o episódio foi apagado, silenciado, substituído por uma cruz em Porto Seguro. Era mais conveniente dizer que o Brasil começou com missa do que com um não, e que não! Mas a verdade, essa danada, resiste. E o Brasil que a gente precisa lembrar é esse, o que nasceu de pé, dizendo com o corpo inteiro que a terra já tinha dono, já tinha nome, e não se dobra fácil. Esse não, foi o mais bonito sim que essa terra já deu a si mesma.

Até a próxima!

*Zé da Flauta é músico, compositor e escritor.

NR - Os artigos assinados expressam a opinião dos seus autores.



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