
Projeto pioneiro promove inclusão de mães atípicas nas escolas da rede municipal
31/05/2025 -
Foi lançada ontem, sexta-feira (30/05), na cidade do Paulista, PE, uma iniciativa inédita no Brasil. Com a denominação de 'Projeto Apoio Escolar', prevê a contratação de mães de crianças com deficiência para atuarem como apoio direto nas escolas da rede municipal. A ação tem como objetivo fortalecer a permanência com qualidade dos estudantes com deficiência, transtornos do espectro autista e altas habilidades/superdotação, matriculados nas salas regulares de ensino.

Desafios na prática
O projeto nasceu do diálogo entre a Secretaria de Educação do município e a ONG Juntos Pelo Brasil e aposta na força da vivência, do cuidado e da escuta ativa dessas mulheres, que conhecem na prática os desafios da inclusão. Além de contribuírem com o processo pedagógico e afetivo nas escolas, elas também receberão uma ajuda de custo, promovendo dignidade, reconhecimento e autonomia financeira.
Palavra de mãe
“Sou mãe atípica e estou aqui participando desse projeto que vai marcar a história de todas nós. É muito importante saber que nossa experiência agora pode fazer a diferença na vida de outras crianças, além dos nossos próprios filhos. Isso é inclusão de verdade, feita com empatia e coragem”, declarou Beliza, uma das mães selecionadas para o projeto.

A gerente do Atendimento Educacional Especializado (AEE), Bernadete Brandão, destacou que o processo já começou. “A gente já fez a adesão, já sabe a escola para onde vai, e segunda-feira já estamos dentro da sala de aula. O mais importante aqui não é só a quantidade de profissionais, mas a qualidade dessa atuação. Essas mães têm conhecimento, vivência, estudo de causa e, principalmente, lugar de fala. Elas vão ser muito bem-vindas nas unidades escolares”, enfatizou.
Reparação e empoderamento
Para a presidente da ONG Juntos Pelo Brasil, Christiane Oliveira, o projeto representa mais que uma política pública: é um gesto de reparação e empoderamento. “Essas mulheres estavam apagadas, sem espaço no mercado de trabalho. E por quê? Porque ninguém pensa: quem fica com os filhos com deficiência? Esse projeto pensou em tudo, até na lotação em escolas próximas e no horário em que os filhos também estão na aula. Essa sensibilidade mostra que há um desejo real de transformação social. E digo mais: essa ação de hoje é pioneira no Brasil, viu?”, afirmou, com emoção.