Há momentos em que palavras e raciocínios simplesmente desaparecem do radar de quem faz uso desses recursos, por mais habilidade que se tenha no ato de se exprimir. Isso ocorre conosco e aos humanistas que se aventuram em meditar sobre o banho de sangue e toda a monstruosidade hoje existente na Faixa de Gaza, região da Palestina, berço e gênese do Cristianismo.

Região

Não é de hoje que, naquela região do Planeta a violência alimenta o ódio e este perpetua a violência, num terreno fértil de quem já nem alma tem e a insensatez tornou-se o topo da loucura de quem (como os que poderiam evitar o caos) vivem como se não morressem um dia e a vida de quem está sofrendo é apenas um detalhe.


Perplexidade

É surreal testemunhar com perplexidade o que chega aos nossos olhos, vendo incontáveis seres humanos – muitos deles idosos doentes e crianças órfãs de pai e mãe, morrendo de fome, cujo grito de lamento há muito brada aos Céus. Mas, nem isso parece sacudir as consciências dos chamados donos do mundo, capazes de (se verdadeiramente quisessem) acabar com tanto sofrimento e dor, que nos achatam e aniquilam a todos.

Potências

É como se as ações puramente protocolares das potências tivessem o poder de aliviar o martírio indescritível de quem experimenta a ausência de seus entes queridos que, ou estão mortos ou estão no cativeiro. Estes são usados como massa de manobra nas mãos de verdadeiros demônios travestidos de gente que, aos holofotes posam para câmeras e lentes dos meios de comunicação, como se quem está hoje naqueles porões infernais não fossem seres humanos de carne e osso, como qualquer um de nós.


Desespero

É como se o desespero de quem chegou no limite de suas forças, não fosse suficiente para sabermos que, morrer de fome e de sede – por pura maldade de quem está possuído pelo mal – é tão monstruoso que foge à lógica e a qualquer senso de racionalidade. Será que vai ser preciso testemunhar a humanidade inteira mergulhar numa bolha catastrófica, para se ver que esse banho de sangue na Faixa de Gaza clama aos Céus?

O preço

Uma coisa se nos parece certa: o preço a ser pago por nossa leniência e inércia não passará em branco e a conta chegará, cedo ou tarde, para todos nós, ao redor do mundo. É só uma questão de tempo.

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Luis Machado é advogado e jornalista.