Por Amanda Aires, economista e professora do mestrado profissional do Centro Universitário UniFBV Wyden.

As recentes tensões geopolíticas e comerciais envolvendo grandes potências econômicas, como os Estados Unidos, China e o bloco europeu, têm gerado uma reconfiguração nas rotas globais de importação e exportação. Em um cenário marcado por incertezas, ganha força quem souber agir com estratégia, estrutura e agilidade. Nesse contexto, Pernambuco tem a oportunidade concreta de emergir como um protagonista relevante no comércio internacional.
Ao contrário do que se poderia supor, o acirramento das disputas comerciais globais não precisa representar uma ameaça direta às economias regionais. Em alguns casos, pode ser exatamente o impulso necessário para o reposicionamento estratégico de regiões com vantagens competitivas, como é o caso do nosso estado. Pernambuco reúne uma combinação rara de fatores: base empresarial em crescimento, setor industrial fortalecido, capacidade logística estratégica e políticas públicas estruturantes em andamento.
O Governo de Pernambuco tem dado sinais claros de que compreende o momento. Programas como o “PE na Estrada”, que prevê R$ 5 bilhões em investimentos em infraestrutura, e o “Juntos pela Educação”, voltado também à qualificação técnica, são iniciativas fundamentais para a atração de empresas e fortalecimento da cadeia produtiva local. Esse ambiente propício torna o estado ainda mais atrativo para investimentos nacionais e internacionais, sobretudo em setores estratégicos como a fruticultura irrigada e o polo automotivo da Stellantis.

Os números falam por si. Segundo o Cadastro Central de Empresas, Pernambuco abriga mais de 227 mil empresas, e apenas no primeiro trimestre de 2025, mais de 40 mil novos pequenos negócios foram abertos. Os setores de Serviços, Comércio e Indústria da Transformação lideram esse movimento. Essa dinâmica empreendedora é apoiada por um ambiente regulatório mais eficiente, no qual é possível abrir um novo CNPJ em apenas 22 horas — um diferencial competitivo relevante no atual contexto global.
Além disso, com mais de 677 mil MEIs e micro e pequenas empresas, o estado conta com uma rede empresarial capilarizada e flexível, que pode responder com agilidade às demandas externas. Programas como o Acredita, do governo federal, e iniciativas do Sebrae voltadas à capacitação e crédito, fortalecem ainda mais essa base.
No universo das grandes corporações, Pernambuco também demonstra solidez. Várias são as empresas que mostram a força da indústria local, além de empresários pernambucanos de destaque nacional, como Flávio Rocha e Antônio Augusto de Queiroz Galvão, representam vetores potenciais para atração de capital estrangeiro, contribuindo para projetar Pernambuco como uma nova fronteira de investimentos internacionais.
A força da exportação industrial — especialmente no setor alimentício, responsável por mais de 70% das exportações em 2022 — reforça a posição estratégica do estado. Em um cenário global em que grandes potências buscam diversificar seus parceiros comerciais diante de tensões tarifárias e barreiras, Pernambuco pode se apresentar como um fornecedor confiável, competitivo e geograficamente bem posicionado.





A economia dos Estados Unidos, pressionada por novas tarifas, tende a encolher em determinados segmentos, criando espaço para novos fornecedores no mercado internacional. Como costumo dizer: enquanto uns choram, outros vendem lenços. Pernambuco tem a chance de ser quem vende os lenços — com inteligência estratégica, investimento em capital humano e fortalecimento da sua infraestrutura.
Com inovação, vocação exportadora e um ambiente de negócios em evolução, o estado está diante de uma janela de oportunidades raras. Cabe a nós, como sociedade, setor produtivo e poder público, transformar essa conjuntura em um verdadeiro salto de desenvolvimento sustentável e internacionalização.

NR - Os artigos assinados refletem a opinião dos seus autores.