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A força do bom humor - “Penso, logo rio” - Entre o caos e a gargalhada, por Zé da Flauta*

07/06/2025 -

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A piada nasceu antes da filosofia, antes da religião e, talvez, até antes da fala articulada. Quando o primeiro ser humano escorregou numa pedra e o outro riu, nasceu ali o humor, não da tragédia alheia, mas do alívio de não ser ele o escorregador. O riso é um reflexo do espanto, uma reação diante do absurdo da vida. E como é absurda, essa vida! A piada é a forma mais primitiva e genial de lidar com a angústia de existir. Ela é o alívio diante do caos, a piscada de olho diante da morte, a gargalhada na cara da opressão.

Ruptura

Fazer uma piada é montar uma armadilha para o cérebro: ele espera uma coisa, mas chega outra. E nesse tropeço da expectativa, o riso explode. Piada é ruptura. É curto-circuito. É filosofia em estado bruto. O humor desmonta certezas, sacode dogmas, desafia autoridades. E por isso é tão temido pelos poderosos. Um riso vale mais que um manifesto. Um comediante, quando é bom de verdade, desarma mais bombas que um esquadrão preparado. A piada é uma forma de dizer a verdade sem apanhar. Ou, se apanhar, que seja rindo.

Incômodo

Mas vivemos tempos de gente ofendida. Ofendidos de estimação. Cultiva-se a ideia de que tudo deve ser respeitado, menos o direito de rir. Querem esterilizar o humor, podar a ironia, colocar a piada numa coleira de compliance. Só que piada sem risco é piada sem graça. O humor vive da ousadia, do exagero, da surpresa, e sim, às vezes da provocação. Não se ri do que é previsível, mas do que é transgressor. E é por isso que o humor incomoda tanto, porque revela o que estava escondido, escancara a hipocrisia, tira o rei da barriga e o santo do altar.

Última piada

Então, defendamos a piada como se fosse um direito humano. Porque ela é. O direito de rir do mundo, de si mesmo, do outro e do poder. Porque rir é um ato de inteligência, de liberdade, de resistência. E que nunca nos falte o riso, porque o dia em que proibirem a piada será o mesmo em que a tragédia vencerá de vez. E nesse dia, alguém bem humorado, vai contar uma última piada só pra ver se ainda nos resta alguma esperança.

Até a próxima!

*Zé da Flauta é músico, compositor e escritor.

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