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Mauro Cid para Moraes, STF: "Só o senhor ficaria preso"
10/06/2025 -
Delator da investigação sobre a tentativa de golpe de Estado, o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência, confirmou que presenciou o planejamento da trama criminosa para manter Bolsonaro no poder. No plenário da 1a Turma do STF, ele disse que estava nas reuniões para discutir o tema, mas negou participação no plano. As respostas reafirmaram o envolvimento ativo de Bolsonaro como o líder da organização criminosa, conforme consta na denúncia apresentada pela PGR. Cid confirmou que Bolsonaro leu e pediu alterações na minuta golpista, com medidas extremas para anular o resultado das eleições presidenciais de 2022. Segundo Cid, o então presidente pediu a retirada do trecho que previa a prisão de várias autoridades, mas manteve a do ministro Alexandre de Moraes, que presidia o TSE à época.

Bolsonaro enxugou o documento, retirando as autoridades das prisões
"O presidente recebeu e leu. Ele, de certa forma, enxugou o documento, basicamente retirando as autoridades das prisões. Somente o senhor, Moraes, ficaria como preso. O resto, não", sustentou Cid diretamente ao relator. A minuta foi encontrada na casa do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, 2 dias após os atos golpistas de 8 de janeiro, em Brasília. A intenção era reverter o resultado da eleição que definiu Lula como presidente da República. Segundo o delator, Bolsonaro estava focado em encontrar fraude nas urnas eletrônicas para justificar uma intervenção militar, para convencer os comandantes das Forças Armadas a aderirem ao plano de reverter o resultado das eleições.

Bolsonaro se encontrou, no Palácio do Planalto, em agosto do mesmo ano, com o hacker Delgatti Neto, condenado com a deputada foragida Carla Zambelli por invasão ao sistema do Judiciário. O militar também confirmou ter recebido dinheiro de Braga Netto e entregou o montante para o major Rafael Martins de Oliveira, outro réu no STF. Ao confirmar a participação do ex-comandante da Marinha Almir Garnier como incentivador da tentativa de golpe Cid classificou o almirante como um dos "mais radicais" entre os chefes das Forças.