imagem noticia

É Findi - Um novo golpe na praça, crônica, por Ana Pottes*

14/06/2025 -

imagem noticia
Estou, desse lado de cá, pensando e escrevendo sobre o quanto o fluxo da vida mudou desde o surgimento dos smartphones. Com um nas mãos somos levados para qualquer parte do universo, a bem do nosso querer: das últimas notícias, saídas das mãos de amadores de plantão, àquelas dadas por repórteres oficiais. Podemos acompanhar novelas, séries, consultar previsões dos signos, do tempo e até saber o horário do transporte coletivo. Tem aplicativo para uma infinidade de situações, mas os que considero indispensáveis para a vida moderníssima são os dos bancos. Não precisar correr a uma agência para sacar dinheiro, pix ou pagar as continhas nossas de cada mês, nos conduz a momentos diferentes. Hoje, vida moderna na palma da mão.

Todavia, lembrando do recente passado, “Seu” Smart nos tirou o prazer de passar horas em uma fila de um banco qualquer. Sim, pois com exceção dos bancos das praças, aqueles que guardam os nossos parcos recursos têm filas; antes se ficava de pé, em fila indiana ou em pequenos aglomerados. Há algum tempo, com foco no pretenso bem-estar do cliente, foram colocadas poltronas que nos acolhem e ficamos ali de olho em um painel a apitar de hora em hora um número e a gente ali, aguardando aquele impresso na senha que pegamos na entrada.

Ficar sentado como se estivesse assistindo a um espetáculo em um palco inexistente, já nos priva da conversa boa que toda fila sempre faz surgir. Coisas de antigamente desaparecendo com a modernidade. São uns poucos ônus diante de tantos bônus.

O que me levou a escrever essa história, vem de um problema surgido no aplicativo do banco do qual sou cliente, ao deixar de liberar algumas ações, tal como emitir comprovantes. Num primeiro momento nem dei atenção, deixei passar, sabia que estava pago. Contudo, algo precisava ser corrigido e isso me conduziu a visitar a agência. Não me dirigi a matriz, pois está é distante de mim e próxima do local onde costumava trabalhar. Busquei a filial, perto da minha residência. Entrei na agência com o smart e a chave do carro na mão, depositei no local apropriado e me dirigi à porta falante na esperança de que me deixasse entrar na primeira tentativa. Que nada. Ela travou e eu, obediente, dei um passo para trás. Na minha frente um casal foi mais afortunado e seguiu adiante. Quando notou a reação da porta comigo, o vigilante deixou o seu posto, veio para junto do vidro e me pediu para escrutinar a bolsa a procura de moedas ou qualquer coisa metálica. Não encontrando segredou algo à porta e ela aquiesceu, me deixando passar. Rapidamente a transpus, peguei o smartphone, a chave do carro e, com a senha AZP 0013 na mão fui assistir ao espetáculo dos números. Não contei, mas éramos em torno de dez pessoas a se entreolhar e se voltar na direção do painel a cada apito dado. Alguns com os telefones celulares nas mãos se divertiam nos aplicativos.

Tenho por costume prestar atenção ao que me cerca, então notei um senhor, acredito que esposo da senhora sentada na fileira atrás da minha. Ele conversava com o vigilante e ambos andavam pelo salão olhando as pessoas como se procurassem alguém. Em certo momento, ficaram mais próximos e pude ouvir a seguinte frase: quando ele perceber vai ligar para mim por que agora chama, chama e ninguém atende. A essa altura já estava imaginando o acontecido. Curiosa, me dirigi à esposa, indaguei e ela confirmou minha suspeita. Alguém levou o celular de seu Anselmo, marido de dona Maria. Capas iguais, me disse ela. Ao que argumentei: mas não estão atendendo. Será que foi uma troca intencional? Seu Anselmo se aproximou e ficamos ali conversando (olhem que maravilha!) sobre o ocorrido; quantidade de golpes a que estamos sujeitos e de quando em vez, olhávamos para o vigilante que continuava tentando contato com o número do seu Anselmo. Dona Maria, em certa ocasião disse: Anselmo, acho que foi um golpe.

Pensando na perda do meu mais recente amigo, lembrei de verificar se a minha caixinha mágica estava a salvo dentro da bolsa. Abri o zíper e caçei o smart: achei a carteira, um batom, uma caneta, um bloco de anotações, um porta-moedas vazio, um chiclete perdido a vários dias e... ele. Quando o vi não reconheci. Nem poderia pois o smartphone guardado na minha bolsa era o de Seu Anselmo. Passado o susto, demos boas risadas. Só então o painel chamou: AZP 0013 - caixa 21.


*Ana Pottes, psicóloga, gosta de escrever crônicas, contos e poemas sobre as interações emocionais com a vida. Autora do livro de poemas: Nem tudo são flores, mas... elas existem!

imagem noticia unica




Deseja receber O PODER e artigos como esse no seu zap ? CLIQUE AQUI.

Confira mais notícias

a

Contato

facebook instagram

Telefone/Whatsappicone phone

Brasília

(61) 99667-4410

Recife

(81) 99967-9957
Nós usamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar a sua experiência em nosso site.
Ao utilizar nosso site e suas ferramentas, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Jornal O Poder - Política de Privacidade

Esta política estabelece como ocorre o tratamento dos dados pessoais dos visitantes dos sites dos projetos gerenciados pela Jornal O Poder.

As informações coletadas de usuários ao preencher formulários inclusos neste site serão utilizadas apenas para fins de comunicação de nossas ações.

O presente site utiliza a tecnologia de cookies, através dos quais não é possível identificar diretamente o usuário. Entretanto, a partir deles é possível saber informações mais generalizadas, como geolocalização, navegador utilizado e se o acesso é por desktop ou mobile, além de identificar outras informações sobre hábitos de navegação.

O usuário tem direito a obter, em relação aos dados tratados pelo nosso site, a qualquer momento, a confirmação do armazenamento desses dados.

O consentimento do usuário titular dos dados será fornecido através do próprio site e seus formulários preenchidos.

De acordo com os termos estabelecidos nesta política, a Jornal O Poder não divulgará dados pessoais.

Com o objetivo de garantir maior proteção das informações pessoais que estão no banco de dados, a Jornal O Poder implementa medidas contra ameaças físicas e técnicas, a fim de proteger todas as informações pessoais para evitar uso e divulgação não autorizados.

fechar