
Gilson Machado volta para casa com restrições ditadas por Alexandre de Moraes
14/06/2025 - Jornal O Poder
Uma sexta-feira 13 para Gilson Machado jamais esquecer. Logo de manhã, a surpresa de uma prisão inesperada. À noite, a ordem de soltura. O ministro Aexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o mesmo que mandou prender, mandou soltar o ex-ministro Gilson Machado, que chefiou a pasta do Turismo durante o governo de Jair Bolsonaro. O político foi preso na manhã de ontem, sexta-feira (13/06), no Recife, por determinação do ministro, pela suspeita de tentar emitir um passaporte português para o ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, delator nas investigações sobre a trama golpista. Depois de um dia de indagações, versões desencontradas e perplexidade de muitos, o ministro decidiu pela soltura de Gilson. O ex-ministro já está de volta para casa.
Medidas cautelares
Segundo a Agência Brasil, em substituição à prisão, Gilson deverá cumprir medidas cautelares, como comparecimento obrigatório à Justiça, cancelamento do passaporte, proibição de sair do país e de manter contato com investigados pela trama golpista.
Cid, o pivô
Pela manhã, Mauro Cid prestou depoimento à Policia Federal (PF) e negou ter a intenção de sair do país. De acordo com as investigações, a família dele embarcou para os Estados Unidos no mês passado. Em março deste ano, Moraes cobrou explicações do militar sobre a tentativa de obtenção do passaporte português. Na ocasião, o advogado Cesar Bittencourt disse que Cid deu entrada no pedido de cidadania portuguesa no dia 11 de janeiro de 2023 (após os ataques de 8 de janeiro). Segundo a defesa, o pedido foi feito "única e exclusivamente" porque a esposa e as filhas dele já possuem a cidadania portuguesa.
Bittencourt confirmou que a carteira de identidade portuguesa foi expedida e enviada em 2024. O advogado disse ainda que "carteira portuguesa é apenas um documento de identificação", que tem validade naquele país.
Versão de Gilson
O ex-ministro sustentou que foi ao consulado de Portugal, no Recife, para tentar encaminhar passaporte para o seu pai. Em nenhum momento, segundo ele, tentou ajudar Mauro Cid e muito menos obstruir a justiça.
Versão de Moraes
Na decisão, o ministro do STF diz que a preventiva foi uma medida cautelar "extrema", cuja eficácia já se demonstrou suficiente para este primeiro momento da investigação.
Moraes ponderou, entretanto, que "existem indícios suficientes" de que Machado teria auxiliado o tenente-coronel Mauro Cid "com a finalidade de se furtar da aplicação da lei penal".