Por Antônio Campos*

Candido Portinari foi muito mais do que um dos maiores pintores brasileiros. Sua trajetória é marcada por um profundo compromisso com as causas sociais e humanitárias. Filho de imigrantes italianos, Portinari soube transformar sua origem humilde e seu olhar atento para o sofrimento humano em uma arte engajada, crítica e universal.

Durante a Segunda Guerra Mundial, profundamente impactado pelos horrores do conflito, Portinari encontrou na arte uma forma de resistência e esperança. Para ele, a pintura não era apenas expressão estética, mas um instrumento de denúncia, conscientização e construção de um mundo melhor.

Sua obra mais simbólica nesse sentido é o monumental conjunto de painéis “Guerra e Paz”, encomendado pelas Nações Unidas. Em dois murais grandiosos, Portinari contrapõe a violência e o caos da guerra à esperança e à harmonia de um mundo pacífico. É uma obra que fala diretamente à humanidade, sem barreiras linguísticas ou culturais, e que segue atual diante dos conflitos que ainda assolam o mundo.

Portinari acreditava que a arte tinha a missão de tocar consciências e promover valores universais como a paz, a justiça e a fraternidade. Por isso, sua pintura vai além da tela — ela nos convoca a refletir, agir e sonhar com um futuro mais solidário.

Mais do que um artista, Portinari foi um humanista. E seu legado permanece vivo, lembrando-nos de que a arte pode — e deve — ser uma poderosa aliada na construção da paz.

*Antônio Campos é advogado e escritor.