
Antes da Chuva Nuclear, poema, por Romero Falcão*
16/06/2025 -
Aqui estou
estourando de dor
sem saber o que dizer
do voo da pomba bomba que me sonda
silenciosa, alegre, furta-cor
Aqui estou
estalando de terror
ao ver a paz nutrindo a guerra
a guerra prometendo falsa paz
ante o desgraçado contraste
O Papa pede, o homem reza
mas o mundo prático explode o mundo ideal, que o santo padre prega
E você, que me lê
O que faz
Continua postando suas fotos sensuais?
Quem sabe uma overdose de carnaval nos faça esquecer
Bebê atravessado pelo míssel
refugiados sem solo
idosos na linha de tiro, da miséria
Balé da morte que dança, não se cansa
solidão, sofrimento, luz sangue
quem traduz esse louco momento?
mas antes da chuva nuclear desabar
ajusta o foco da câmera do celular
radiosa radiação faz a última selfie atômica
*Romero Falcão, cronista, autor do livro: Asas das Horas, com prefácio do Prof. José Nivaldo
