
Aconteceu. O que você faria se fosse presidente e alguém registrasse uma cachaça com o seu nome?
19/06/2025 -
Por Tavares Neto*
Em certa ocasião, uma organização responsável pelos registros de marcas e patentes junto ao Departamento Nacional de Propriedade Industrial, do então Ministério do Trabalho, enviou um ofício ao ex-presidente do Brasil, Jânio Quadros. No documento, comunicava que havia sido solicitada àquela repartição a autorização para o registro da marca “Jânio” como denominação de uma aguardente. O órgão se colocava à disposição para que, dentro do prazo legal de 60 dias, o ex-presidente apresentasse oposição formal ao pedido.

Com seu conhecido senso de humor, Jânio Quadros encaminhou o ofício ao seu secretário particular com o seguinte bilhete:
“Não farei oposição, exceto se a aguardente não for de boa qualidade.”
Não era segredo que Jânio Quadros apreciava um bom aperitivo. Durante o seu mandato como governador de São Paulo, jornalistas da assessoria de imprensa do Palácio dos Campos Elíseos ouviram dizer que o aperitivo favorito do governador era de uma qualidade especial. Curiosos, manifestaram o desejo de prová-lo.
Jânio, sempre espirituoso, não hesitou: apanhou uma garrafa da bebida e enviou à sala de imprensa, acompanhada de um bilhete escrito de próprio punho:
“Minha contribuição pessoal à melhoria da qualidade da produção jornalística…”
Em 1960, durante sua campanha para a presidência da República — cargo para o qual seria eleito naquele mesmo ano —, Jânio esteve em Caruaru para a realização de um comício. Na ocasião, recebeu de presente uma caixa da aguardente de cana “Chora na Rampa”, produzida no engenho do industrial caruaruense Pedro de Mélo, localizado na região de Vertentes, zona rural de Caruaru.
O mimo não veio sozinho: junto com a cachaça, foram entregues caju da zona rural de Riacho das Almas e rolinhas caçadas na zona rural de Agrestina — um autêntico presente nordestino que certamente agradou à Jânio Quadros.
*Tavares Neto é jornalista e radialista.
