
Museu de Arte Contemporânea de Olinda segue fechado desde 2017
25/06/2025 -
Por Flavio Chaves
Um dos maiores patrimônios da arte moderna e contemporânea do Brasil, o Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC-PE), localizado no Sítio Histórico de Olinda, permanece de portas fechadas há mais de sete anos. O que deveria ser um espaço de encontro entre a arte e o povo tornou-se um símbolo de abandono e descaso.
O fechamento
O fechamento ocorreu em 2017, ainda durante o governo de Paulo Câmara (PSB), que comandou o Estado por dois mandatos consecutivos, de 2015 a 2022. Ou seja, o museu ficou inativo durante os últimos cinco anos da gestão dele. Nesse longo período, mesmo diante de alertas sobre a deterioração estrutural, riscos de segurança e repetidos apelos da classe artística e intelectual, o governo da época não apresentou soluções efetivas para a recuperação e reabertura do MAC-PE.
Prédio
O prédio histórico, que foi uma antiga prisão eclesiástica do século XVIII, abriga, ou deveria abrigar, um acervo com mais de quatro mil obras de arte, incluindo peças de nomes consagrados como Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Tarsila do Amaral e Francisco Brennand. Hoje, esse acervo encontra-se armazenado de forma improvisada em galpões no bairro do Varadouro, enquanto o edifício principal segue interditado, com graves problemas de infraestrutura: rachaduras, infiltrações, risco de desabamento e total ausência de um sistema de segurança moderno.
Lançou
Em abril deste ano, já sob a gestão da governadora Raquel Lyra, a Fundarpe lançou um edital de licitação para a requalificação do espaço, com valor previsto de R$ 4,5 milhões. O projeto prevê reforço estrutural, implantação de acessibilidade, climatização, modernização das instalações elétricas, sistema de combate a incêndios e a restauração das áreas internas e externas.
Chegou a hora
Agora, chegou a hora da governadora Raquel Lyra mostrar para que foi eleita. Com sua sensibilidade, compromisso com a cultura e responsabilidade pública, espera-se que ela corrija essa falha herdada do governo anterior e devolva o MAC-PE ao povo pernambucano. A reabertura desse importante equipamento cultural representará não apenas um ato de reparação histórica, mas também uma demonstração clara de valorização da arte, da educação e da memória do Estado.
Precisam se mobilizar
A sociedade civil, os artistas, os escritores, os professores, os produtores culturais e todos os amantes da arte precisam se mobilizar.
Alternativas
Uma alternativa concreta seria a articulação de um projeto que permita a captação de recursos através da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet), desde que haja o devido enquadramento técnico e jurídico para tal. Isso abriria espaço para que a iniciativa privada também participe ativamente desse esforço coletivo.
Não se pode mais admitir
O que não se pode mais admitir é que Pernambuco siga privado de um dos seus principais espaços de difusão artística. O MAC-PE precisa voltar a pulsar, a respirar, a receber estudantes, turistas, pesquisadores e todos aqueles que reconhecem na arte um instrumento essencial de transformação social.
Flávio Chaves é Jornalista, poeta, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras. Foi Delegado Federal/Minc
