
A Queda de Juliana Marins. A Terra Caiu - Crônica, por Romero Falcão*
26/06/2025 -
Espírito de Pássaro
Acompanhei os dramáticos dias da jovem Juliana Marins num buraco na rocha do vulcão do monte Rinjani - Indonésia - aliás, todo o mundo acompanhou. Juliana não caiu sozinha, todos nós caímos. A Terra caiu. A moça corajosa, espírito de pássaro, desafiando alturas, vivendo em total liberdade, despencou, foi aparada pela fenda da imensa pedra, natureza hostil. Fiquei com a imagem na cabeça, aquele ponto humano se mexendo, aguardando socorro, agarrando esperança. Enquanto a imagem corria as redes sociais, mundo afora, a moça tremia de frio, fome, sede. Tremia pelo resgate que não vinha. Ao mesmo tempo se encontrava onde sempre quis estar, na vastidão, uma estrelinha no meio do infinito.

A Escuridão Feroz
Saindo um pouco do olhar poético, entrando na realidade cruel. O amadorismo nas buscas por Juliana deixou perplexo bilhões de pessoas. Cada hora perdida era vida que pingava as últimas gotas. Eram meus olhos aterradores, me colocando no lugar da guerreira, meu pomo de Adão se desmanchando de medo. A escuridão feroz, a neblina feroz. Uma águia a confundir a menina com a presa? Quantos serão responsabilizados pela tragédia, pela negligência, pela falta de equipamentos adequados, por tantos erros cometidos, apurados? Depois vi na TV, um saco içado do abismo, o corpo de Juliana pendurado no vazio, cravado na mente

A Besta Humana
Como se não bastasse a dose para a família que assistia de longe à maior angústia das suas vidas, a besta humana, perversa, achou pouco, postou Fake News de um resgate, simulando Juliana salva, que ludibriou até a autoridade brasileira na Indonésia. Quanto mais conheço o homem, mais peço a Deus, vir bicho da próxima vez
*Romero Falcão, cronista, autor do livro: Asas das Horas, com prefácio do Prof. José Nivaldo
