
Gol de Letra - A Seleção dos Pedros em tempo de São Pedro, por Roberto Vieira*
30/06/2025 -
Final do período junino, fogueiras iluminam cidades como Caruaru e Limoeiro que preferem São Pedro a São João. Cada um tem suas razões. Nada melhor do que escalar a seleção do dono das chaves do céu, principalmente em tempos de Mundial de Clubes. Pedro parece ser nome bem comum, mas escalando a seleção, descobri que EUA e Brasil nunca tiveram um presidente chamado Pedro – fato bem esquisito. Quanto ao Vaticano, nenhum Papa ousou utilizar o nome de Pedro em vão num segundo pontificado.

Defesa
Claro que no gol vai o próprio São Pedro. Brabo que nem caipora, e também dono da bola, Pedro jamais admitiria outra escolha. Na frente de São Pedro temos Pedro I na lateral direita dizendo aos torcedores que fica e não vai apoiar ataque nenhum, pois o lateral esquerdo Pero Vaz de Caminha vive viajando e nunca guarda posição. Pero também tem o costume de pedir vaga no time o tempo todo para o treinador. A dupla de zaga vai de Pedro II e Pedro Álvares Cabral. Como diria Juca Chaves, Pedro, o Cabral, descobriu o Brasil por isso está na nota de mil. Nada mais justo estar por aqui também.
Meio campo
O médico e escritor Pedro Nava está como médio volante. Pense num médico para saber tudo da memória brasileira. O que? Nunca leste Pedro Nava? Então, leia! Ao lado do mineiro Nava estão o pintor Pedro Américo, o qual se entende às mil maravilhas com o zagueiro Pedro II. Unha e carne. Como ponta de lança, ninguém melhor do que Pedro Peixoto, uma figura tão difícil de marcar que você pode optar como herói ou vilão pernambucano. Nosso Robespierre, digamos assim.

Ataque
O mais famoso Pedrinho do Brasil faz suas reinações pela ponta direita. Trata-se de Pedro Encerrabodes de Oliveira, famoso neto de Dona Benta. Para quem não conhece, não vou repetir o blá-blá-blá de que vá tratar de ler. Como centroavante temos outro Pedro famoso nas artes brasileiras. Um tal de Pedro Pedreiro Penseiro, esperando alguma bola na grande área, que já vem. Ou não vem. Porque na ponta esquerda está o médico pernambucano Pedro Ernesto, um cabra que adorava uma revolta. Esteve nas revoltas de 1922, 1926 e 1930. Foi prefeito do Rio. Foi preso por dizerem que era comunista - Getúlio via comunista em tudo, até em Prestes. Tudo por causa de umas cartas trocadas entre Prestes e Pedro. Pedro viveu um entra e sai nas cadeias brasileiras no final de sua vida que dariam um outro texto. Até que morreu e foi homenageado pelo Estado Novo. Durma-se com uma dessas.

Técnico
Pedro Ivo Veloso da Silveira teve seu nome como técnico lembrado por Chico Ciência. Treinador de uma seleção praieira que deu errado desde o seu começo, acreditou nas conversas dos dirigentes e entregou seu cargo em troca de liberdade para os jogadores. Deu tudo errado. Foi enganado como enganaram Garrincha, ou pior. A grande dúvida sobre a chegada de Pedro Ivo ao comando da Seleção de São Pedro é sobre a escalação de Dom Pedro II na zaga. Porque se ele mantiver Dom Pedro II no time será algo assim como Frei Caneca escalando Pedro I na Seleção da Confederação do Equador. Mas esses detalhes, futebolísticos e políticos, eu deixo para Ivan Lima e Luiz Cavalcante discutirem com o jornalista Pedro Osterno. Já a convocação, essa ocorreu no Pátio de São Pedro, óbvio, porque as chaves do pátio são do santo. E só entra quem ele quiser.
*Roberto Vieira é médico e considerado um dos melhores cronistas do País. Escreve às segundas-feiras em O Poder.

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