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Artigo - Paciência, Lenine! - Perdoe esses adoradores de selfie, eles não sabem o que fazem

03/07/2025 -

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Por Romero Falcão*

Foi-se o tempo de fazer amizade, bater papo, no banco de ônibus. Descer do ônibus com o número do telefone da garota era forte indício de namoro. Tive uns romances assim, nascido de duas criaturas juntas num banco de coletivo. Época boa, a gente nem imaginava a transformação do comportamento humano no futuro. O celular veio pra selar uma contradição: juntos, dentro da tela, no vai e vem de mensagens carinhosas, recheadas de coraçãozinho vermelhinho, interação e paquera com um desconhecido remoto, viraram mudez no frente a frente, no ombro a ombro num banco de ônibus. Até um "Bom Dia", tão escasso no mundo real, vira comissão de frente na avenida digital.

Retângulo Mágico

É fato consumado, nas mesas dos restaurantes, na casa dos amigos, dos parentes, o celular é o centro do universo, o quinto elemento da natureza. O retângulo mágico segura menino, libera silêncio entre dois primos que não se encontram há meses, anos. O retângulo mágico é capaz de deixar filho falando sozinho ao lado do pai, e vice-versa. O retângulo mágico tira coelho da cartola, mas não tira pequena prosa sem interrupção. O retângulo mágico faz o usuário se basear no seu baseado. A propósito, quantas vezes, leitor, você não tentou engatar um papo com um colega de trabalho, um velho amigo de infância, de faculdade, e a peste do celular rouba toda atenção? Você, todo animado, falando com o sujeito, este sem dar a mínima, mexendo nos aplicados aplicativos, como se o interlocutor fosse invisível? Ao passo que no universo on-line chove mimos, flores, palmas.






O Violão Pede Alma

O que me inspirou escrever esta crônica foi a notícia de um Show recente de Lenine, no Ibirapuera, São Paulo. O artista exibia sua fabulosa performance no palco, cuja batida do violão sincopado, eletrizante, sempre fez a galera vibrar. No entanto, dessa vez, o público permaneceu morgado, e o que é pior, uma boa parte deu as costas para o criador da bela canção, "Paciência". Preferiram conversar no celular, fazer pose, fotos, selfies, carregar o Instagram de felicidade. O retângulo mágico ofuscou a luz da ribalta. Mesmo quando um violão pede mais um pouco de atenção, educação, alma, o celular não para. Paciência, Lenine! Perdoai! Afinal, o smartphone sabe quem somos de verdade.

*Romero Falcão é cronista.



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