Houve em Goiana uma Camilo.
Ela motivou poema sublime,
Em antigo e precioso estilo,
Que louvor à beleza exprime.

O poeta autor é Peregrino Maciel,
Famoso Médico e diplomata,
Seu poema decerto arrebata,
E compara a dama a um ser do céu.

A Camilo do século dezenove era tão bela
Quanto a do século vinte, miss Zilene?
Alguém Que conhece esta e viu um retrato daquela,

Ao responder, elogie os genes
De Ambas nordestinas, pernambucanas
E filhas amorosas de Goiana.

A propósito da beleza da mulher goianense

Registro do século XIX, a seguinte referência de Gilberto Freire, em “Vida Social no Brasil nos Meados do Século XIX”, transcrita em “Bibliografia Sobre Goiana”(p.127): “Retrato de D. Anunciada Camilo da Silva, nascida em Goiana a 25.3.1825. Famosa por sua beleza, inspirou a Maciel Monteiro (Barão de Itamaracá) versos que se tornaram célebres. O retrato é obra dos meados do século XIX, atribuído a pintor italiano.” Antonio Peregrino Maciel Monteiro (Recife, 30 de abril de 1804 — Lisboa, 5 de janeiro de 1868), médico, poeta, político e diplomata brasileiro, é por sua vez citado por Antônio Corrêa de Oliveira, no prefácio desta obra, como autor de belo soneto (possivelmente homenageando essa goianense, à vista do depoimento de Gilberto Freire,) reproduzindo alguns de seus versos.

Dito soneto, intitulado “Formosa”, transcrevo em seu inteiro teor:

"Formosa, qual pincel em tela fina/ debuxar jamais pôde ou nunca ousara;/ formosa,qual jamais desabrochara/ na primavera rosa purpurina;/ formosa, qual se a própria mão divina lhe alinhara/o contorno e a forma rara;/ formosa, qual jamais no céu brilhara/ astro gentil, estrela peregrina;/ formosa, qual se a natureza e a arte,/ dando as mãos em seus dons, em seus lavores/ jamais soube imitar no todo ou parte;/ mulher celeste, oh! anjo de primores!/ Quem pode ver-te, sem querer amar-te?/ Quem pode amar-te, sem morrer de amores?”

*Josué Sena é magistrado e poeta.