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"Uma mortezinha aqui... Outra mortezinha ali" - Por Jarbas Beltrão*

07/07/2025 -

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A banalidade da morte é algo que se repete na História

Uma fala sobre mortes

Uma fala, no mínimo estranha, muito estranha, jornalista que tem responsabilidade na informação que deve ser marcada por, no mínimo certa neutralidade, fez comentário, com outro colega profissional, infelizmente, na verdade, nos revela que mente dominante, se faz presente nos círculos dos meios de comunicações. Mais preocupante, a fala ocorreu nos estúdios da emissora de maior audiência do país.

Resultados de bombardeios

A jornalista se pronuncia a respeito dos bombardeios que envolvem Iran e Israel, ela, jornalista, lançou um questionamento, para seu colega, que se encontrava em outro país, trocando em miúdos, a profissional se expressou da seguinte maneira, perguntando ao colega: como se explica, "Israel lança mísseis contra o Iran, provoca um tremendo estrago, morrem centenas de iranianos, mas quando se trata de lançamentos do Iran contra Israel, a pontaria é certeira, mas poucos judeus morrem, é uma mortezinha aqui... Outra mortezinha ali, quase não há mortes, o que será que acontece?"

Descontentamento

Pois é, a jornalista expressa, ao vivo e à cores, um certo descontentamento, quanto aos resultados, "pouco produtivos" dos bombardeios iranianos, era preciso aumentar aquela contabilidade.
Bem, é quando pergunto, como o jornalismo verde amarelo, consegue abrigar um profissional do jornalismo com uma mente capaz de fazer uma pergunta a outro colega, que cobre o conflito do Oriente Médio, revelando um elevado grau de preconceito, idiotice, mediocridade? E, como a morte é encarada com tanta banalidade, quando uma mente é dominada pela cegueira ideológica?





"A Conferência"

Meu Deus, aquele questionamento da jornalista, me remeteu, para um filme, que tive oportunidade de assistir, embora tenha me deixado dominado por instantes de muito desgosto pelo ser humano - a busca da verdade histórica nos obriga - o filme chamado "A Conferência", película, que foca numa reunião da cúpula nazista, quando membros da direção do governo hitlerista procura uma alternativa para reduzir a população judia e, ao mesmo tempo, o que fazer com o "entulho de cadáveres", bem como, reduzir tempo e custos no processo de eliminação da população indesejável de judeus, debateu-se no encontro, a "solução final". Aos interessados, sinalizo que o filme pode ser encontrado na plataforma streaming Netflix e no YouTube.

"A Conferência" aborda o tema da "solução final" dos judeus pelos nazistas, a respeito de como se livrar do exagerado número de corpos de judeus, como conter o crescimento vegetativo da "indesejada" população. Em torno da grande mesa da "A Conferência" se juntava, grandes representações das mentes doentias do nacional-socialismo; aqueles ali reunidos tinham um objetivo em comum "livrar-se dos judeus" (vivos e mortos), a discordância, quando se registrou estava no dilema: exterminio físico - execução à morte - ou eliminação gradual - esterilização. Ganhou a primeira alternativa, ou seja, o método do extermínio pelo caminho de tirar a vida das vítimas da perseguição, absoluta maioria, apenas um único membro, fez escolha pelo método gradual.

Escolha

Com a escolha, pelo extermínio fisico, era necessário um caminho de ritmo mais veloz e menos custoso, que ocorreu, a partir da criação de um 2° pavilhão em Auschwitz, no caso Birkenau, um pavilhão onde todos seriam colocados no mesmo galpão da morte, e de uma só vez de dois a três mil prisioneiros, que culminou a quantidade de quase 2 milhões de mortes. Os condenados Inalariam um gás venenoso a base de pastilhas de cianeto, que saindo dos chuveiros, sufocariam as vítimas que perderiam suas vidas, iludidos que tomariam banho a partir do líquido saído dos chuveiros mortais, o processo da morte, vinha acompanhado de gritos desesperados, com o "abraço da morte" logo depois eram jogados num forno crematório, que lançaria, sem parar a fumaça acusadora daqueles crimes cometidos. Livrava-se, então, daquele processo demorado: "uma mortezinha aqui ... Outra mortezinha ali ".

Morte em escala industrial

Antes dessa barbaridade, a morte se dava por um método muito artesanal, vagaroso, o regime nazista precisava aplicar morte em escala industrial, daí se evitaria gastos com munições, estaria também evitado o transporte do "entulho de cadáveres", seriam pós-morte jogados numa vala de incineração e, os soldados antes encarregados do acionamento dos gatilhos, não ficariam perseguidos pelos restos de suas vidas, por complexo de "mea culpa" ao terem participado das mortes, o que lhe causavam episódios permanentes de depressões. Pois é, "A Conferência" trouxe esse tema vivido por aquelas mentes à mesa, algo muito "preocupante", era fundamental apontarem uma "solução final", com menos traumas para vítimas e carrascos. O antisemitismo continua sendo inspirado pela "solução final", a morte de judeus para o sentimento antisemita, precisa ser em escala industrial, ou seja de massas.





Voz contrária.

Naquela reunião nazista d' "A Conferência" surgiu uma voz "contrária" à morte em escala industrial, ora vejam só, preparem-se para terem conhecimento: um membro daquela "cúpula da morte", propôs para evitar os sofrimentos daquelas desgraçadas almas, que as mesmas fosses esterilizadas, e, sua "raça" seria gradualmente extinta; imaginem, teve naqueles da mesa d' "A Conferência", e até aos que assistiram ao filme, quem achasse como uma solução "mais humanitária". Bem... Se evitaria uma queixa, produzida por descontentamento, semelhante com a jornalista da nossa rede campeã de audiência, ou seja, "uma mortezinha... Aqui... Outra mortezinha dali"; estava superada a impaciência, e a morte kenta em "modus artesanalis".

A polêmica do tratamento da eliminação da vida ganha em muitas situações contornos de "tratamento científico-econômico".

Ante essa loucura, só nos resta admitir: que Deus tenha misericórdia de nós, já há bom tempo que a Humanidade jaz no maligno.

Tenho Dito.


*Jarbas Beltrão é Historiador, professor de História da UPE. Mestre em Educação pela UFPB, MBA em Política, Estratégia, Defesa e Segurança pela Adesg (Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra) e Faculdade Metropolitana de São Carlos/SP.


**Os artigos assinados refletem a opinião dos seus autores. O Poder está sempre aberto a contestações e ao contraditório.



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