
A Inteligência Artificial na Oftalmologia, por Roberto Vieira*
07/07/2025 -
Estamos em 2025 e 20% dos brasileiros não têm acesso ao oftalmologista. Algo assim como 40 milhões de pessoas ou dez vezes mais pessoas do que o universo populacional encontrado por Pedro Álvares Cabral em 1500.

TFD
Todos os dias, pessoas das grandes capitais brasileiras observam ônibus com as iniciais TFD circulando pelas ruas. São pacientes realizando tratamento fora de domicílio, acordando pela madrugada e chacoalhando pelas péssimas estradas tupiniquins em busca de saúde para seus olhos. Nada mais medieval em tempos de telemedicina e inteligência artificial.
Tracoma
No passado, o tracoma e a tuberculose lideravam o ranking das doenças oftalmológicas entre os brasileiros. Muita gente morria tão cedo que a catarata, o glaucoma e o diabetes não tinham tempo de mostrar suas garras. Com a melhora parcial das condições de vida do nosso povo, leia-se acesso a água, esgoto e medicamentos, o tracoma e a tuberculose ficaram no passado. Doenças infecciosas persistem, mas a longevidade trouxe um preço a pagar.

Óculos
Invenção muito antiga, óculos ainda fazem toda diferença, principalmente nas crianças, pois são indispensáveis ao aprendizado. O Brasil é um país com oftalmologia de primeiro mundo, mas um grande contingente de crianças ainda é chamado de preguiçoso pelos pais quando na verdade não enxergam direito. Um exame oftalmológico com profissional de qualidade resolve o problema. Infelizmente, muitos não têm acesso ou pior, são atendidos por charlatães.
20/20
Mas como atingir o ideal de 100% de visão do povo brasileiro? Como obter o 20/20 nos exames da população? Como fazer das modernas tecnologias um aliado para essa guerra sem fim? Porque a telemedicina e a inteligência artificial já não entraram em campo? Como combater a medicina de baixa qualidade ou os não-médicos em busca do ganho fácil e sem ética? As respostas estarão aqui na próxima semana.
*Roberto Vieira é oftalmologista e cronista.
