
Cultura - Museu do Estado recebe exposição do artista plástico Jaildo Marinho
09/07/2025 -
E se fosse possível materializar a saudade, a nossa história, as nossas memórias, especialmente as da infância? A arte tem esse poder. O Museu do Estado de Pernambuco está recebe de 10 de julho a 10 de agosto 2025, uma das maiores exposições de um artista pernambucano, que está radicado na França há 32 anos e é aclamado por críticos e curadores de diversas exposições em todo o mundo.
Natural
Jaildo Marinho, que é natural de Santa Maria da Boa Vista, está produzindo 25 obras inéditas, que irão contar muito de nossa ancestralidade em pinturas e esculturas feitas com mármore, granito, madeira, couro, sebo e chifres de boi. Radicado na França há mais de 30 anos, o artista tem obras em museus e galerias na Europa, nas Américas e na Ásia.
A mostra
A mostra Metamorfismo irá acontecer de 10 de julho a 10 de agosto, com entrada franca, sendo uma realização do Porto Cultural, com apoio do Governo Federal, por meio da Lei de Incentivo à Cultura e patrocínio cultural da BRF. Sob a curadoria do jornalista e escritor Mário Hélio Gomes e direção geral de Will Albuquerque, a exposição irá criar um diálogo entre a arquitetura histórica do museu e a contemporaneidade das obras expostas.
Oportunidade
É também uma oportunidade rara para o público pernambucano conhecer de perto a trajetória e a pesquisa estética de um artista cujas obras integram coleções públicas e privadas em cidades da Europa, da Ásia, dos Estados Unidos e da América Latina.
“Voltar ao Recife com uma exposição individual é muito especial para mim. É como se fechasse um ciclo e, ao mesmo tempo, abrisse novos caminhos. Essa mostra é uma celebração das minhas raízes e da minha trajetória artística. Eu saí de Recife para conhecer o mundo aos 22 anos. Agora, estou retornando e quero mostrar o meu quintal, o trabalho artesanal das minhas origens”, afirma Jaildo.
Detalha
O curador Mário Hélio detalha a exposição: “plasmada em mais de vinte obras, Metamorfismo combina dois aspectos principais: um externo, perceptível, visível a qualquer espectador: esculturas, pinturas, instalação, em que a matéria fala aos sentidos. Outro, interno, entranhado, de sentido – implicada esta palavra tanto no significado quanto no sentimento. A memória e os seus materiais. O tempo passado se representa no espaço do mármore do sabão, da madeira. O dinamismo e a transformação que ocorrem dentro da matéria também se processam no artista, como uma nova forma de cristalização.”
Reconhecido
A arte e o artista. Jaildo é reconhecido pela geometria e cores de suas obras. O material mais utilizado por ele é o mármore e eis aqui a tradução de sua dualidade. Se, para muitos, essa pedra pode significar a frieza e dureza de uma lápide, pelas mãos de Jaildo, o material é lapidado para conferir fluidez e leveza ao que é concreto e duro, como nossa existência e finitude. O mármore é, então, uma exaltação à eternidade. Assim como a arte.
Explica
O produtor Will Albuquerque explica que esta é uma exposição de peso cultural e físico, metaforicamente e literalmente. Serão 5 toneladas de mármore e granito. Ao todo, 25 obras integram a mostra, sendo 06 quadros, 06 esculturas em mármore, 06 esculturas em granito, 06 esculturas com chifres, além de uma instalação.
“Em Metamorfismo, Jaíldo irá mostrar materiais como a extensão do seu próprio corpo, da sua vida, com suas vivências esculpidas, desenhadas, pintadas, expostas.Trata-se da clara expressão do que foi vivido por muitos. É histórico. Apreciar o trabalho de Jaildo é se deixar enlevar por nossa ancestralidade”, detalha.
O passado
O passado sai dos pensamentos de Jaildo, toma suas mãos e se transforma, como a materialização de suas lembranças e origens: Será em granito, por exemplo, a representação do varal de roupas penduradas. O trabalho em sabão faz uma referência à avó do artista, que produzia sabão caseiro com o sebo de carneiro e do boi, sendo um sustento para a casa.
Madeira
Já a madeira, que será utilizada nas esculturas de agulhas gigantes, costura a lembrança de gerações de mulheres que vestiam a família inteira. Alinhavando ainda mais as recordações, as madeiras vêm do pequizeiro, árvore comum no Cariri cearense, divisa com Pernambuco.
Pequim
Conforme explica o artista, o pequi é uma fruta de sabor peculiar, bastante apreciada naquela região, mas também muito temida. Os mais velhos faziam medo aos jovens: “cuidado quando for roer pequi, que pode até aleijar”, referindo aos espinhos da fruta, que são entrelaçados, assim como as agulhas de Jaildo. “Gosto de admirar as agulhas, são a escultura mais perfeita, criada há mais de 60 mil anos pelo homem”, diz o artista.
O gado
O gado, fonte de alimento e renda no Sertão, será representado com o uso do couro e dos chifres. A ancestralidade de Jaildo será retratada também na cerâmica, representando a arte dos índios coripós. Fazendo o fechamento de tantas memórias, a instalação, com varas em madeira, irá exaltar as cercas secas e incertas do Sertão pernambucano.
Quebrador de Pedras
Jaildo Marinho nasceu em Santa Maria da Boa Vista, em 1970, estudou Escultura na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e, mais tarde, aos 22 anos, aprofundou seus estudos em Paris, onde fez Escultura de Fundição. Vem dessa época a denominação de “quebrador de pedras”, dada a sua história, em que foi necessário romper muros, barreiras e muitas pedras pelo caminho para chegar ao reconhecimento mundial.
Carreira
Com uma carreira consolidada mundialmente, Jaildo Marinho conquistou a medalha de ouro no Festival de Mahares, na Tunísia, em 1995, e o Prêmio de Escultura da Bienal de Malta, em 1999. Já expôs em grandes salões de Paris, como o Salon des Réalité Nouvelle.
Obras
No Brasil, suas obras já foram exibidas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, na Pinakotheke Cultural de São Paulo, além de participações em bienais e mostras coletivas. Jaildo Marinho também é um dos fundadores do Museu MADI de Artes Modernas, localizado em Sobral, no Ceará, reforçando seu compromisso com a difusão da arte moderna pelo Brasil.
Satisfação
Para o diretor do Museu do Estado, Rinaldo Carvalho, é uma grande satisfação receber uma exposição desse porte, assinada por um artista pernambucano com trajetória tão brilhante e reconhecida internacionalmente, o que evidencia seu compromisso com a arte.
“Metamorfismo” promete ser uma mostra imperdível. O Museu convida todos os pernambucanos a prestigiarem este momento tão significativo na carreira do grande artista Jaíldo Marinho.
O Museu
O Museu do Estado de Pernambuco fica localizado na avenida Rui Barbosa 960- Graças.
