
Palestina Livre, mas do Hamas, por Jacques Ribemboim*
11/07/2025 -
Registro indignação e repúdio ao requerimento do deputado estadual João Paulo de Lima e Silva (PT) à Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco, que propõe a ruptura das relações diplomáticas entre o Brasil e Israel. Alega o referido deputado que Israel comete um “genocídio” contra o povo palestino e “mata indiscriminadamente crianças, mulheres e idosos”. Para completar a ideia estapafúrdia e descontextualizada, entra em cena o presidente Lula valendo-se das mesmas expressões na abertura do recente e inócuo encontro dos BRICSAEI+ no Rio de Janeiro.
Para completar esta banda borracha, as vereadoras Cida Pedrosa (PcdoB), Liana Cirne (PT) e Kari Santos (PT) prepararam uma audiência pública na Câmara dos Vereadores do Recife para corroborar o pensamento dos fósseis petistas.
Radicalismo
A frustração dos eleitores frente a iniciativas dessa ordem recai sobre um amplo espectro partidário, inclusive na própria esquerda dos proponentes, haja vista que o Hamas e o Irã, verdadeiros responsáveis pelas tragédias no Oriente Médio, em tudo contrariam as bandeiras históricas do partido, como a liberdade de gênero e o empoderamento da mulher.
Todos sabem que os números trazidos à imprensa por meio de porta-vozes do grupo terrorista Hamas não somente inflacionam maldosamente os números, como decorrem da inaceitável estratégia de usar sua população civil como escudos humanos, ao esconder seus escritórios e arsenais de guerra em áreas densamente povoadas, incluindo túneis escavados no subsolo de hospitais e escolas.
Ao atacarem Israel em 7 de Outubro de 2023, com o assassinato de quase 1.200 pessoas e o sequestro de outras 251, os facínoras do Hamas sabiam que ao Estado de Israel não restaria alternativa senão se defender, buscando resgatar seus reféns e atacando as bases de foguetes inimigos. Cinicamente, não escondem suas intenções de eliminar Israel e gritam por uma “Palestina do Rio ao Mar”, isto é, com a destruição do Estado Judeu. Nada disso foi registrado por Lula, nem João Paulo, tampouco pelas vereadoras.

Humanismo sem norte
No caso do ex-prefeito do Recife, buscando posar de humanista – e, certamente, desconhecendo os fatos com maior profundidade –expressou solidariedade ao povo palestino “enquanto ainda existe”. Ora, em nenhum momento os israelenses pensaram em eliminar este povo. Isso não está na cabeça de nenhum veterano e jamais foi ensinado a criança alguma nas escolas. A prova inconteste é que havia cerca de 150 mil árabes palestinos vivendo dentro das fronteiras israelenses em 1948, ano de fundação do Estado Judeu, e hoje este número supera dois milhões, constituindo uma população integrada à sociedade, gozando de plena cidadania, inclusive com direito a voto e representação parlamentar.
Resta-nos, pois, indagar quais os motivos que fazem o PcdoB e parte do PT se esgoelarem contra Israel, a única democracia existente no Oriente Médio na luta por sua sobrevivência. Por que não condenam o grupo sanguinário e fundamentalista do Hamas, que tanto sofrimento impõe aos próprios palestinos de Gaza ? Ao se alinharem ao terror, esses políticos alimentam tensões em nosso país que em nada contribuem para o processo de paz.

Paz e cooperação
Possam eles gritar pela imediata libertação dos reféns que ainda se encontram no cativeiro do Hamas e pelo término imediato das hostilidades, de lado a lado. Quiçá desse modo contribuam para uma solução autêntica e definitiva, que passa, inclusive, pelo estabelecimento de um Estado Palestino, soberano, democrático e cooperativo – algo que requererá investimentos substanciosos em educação, desenvolvimento e liberdade para os habitantes de Gaza, algo difícil de se conseguir sob a égide do grupo terrorista que há duas décadas governa aquele território.
Palestina Livre, sim, mas livre do Hamas!
E pelo estreitamento dos laços de amizade entre o Brasil e Israel!
*Jacques Ribemboim é engenheiro e escritor.
Da Academia Pernambucana de Letras.
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