
É Findi - Dose dupla de Malude Maciel*
12/07/2025 -
Mais uma figura folclórica de Caruaru - Crônica
Conheci, na Rua Tobias Barreto, em Caruaru, quando tínhamos loja de confecções naquela artéria, muitas figuras folclóricas nas feiras ali existentes, antes que houvesse a mudança das mesmas daquele local. Era interessante observar e também registrar.
Uma delas era o sorveteiro Leão, que oferecia "o sorvete do Leão" como o maior marqueteiro local. Não era uma receita especial, mas funcionava a contento.
Roteiro Geral
Leão fazia sua trajetória diariamente pela feira das verduras, das flores, das frutas, etc., porém não se tratava de um vendedor comum de sorvetes e picolés, pois carrinhos com essas iguarias pode-se encontrar sempre por aí. O fato é que Leão já fazia parte da paisagem; conseguiu encaixar-se no cotidiano de tal maneira que não se concebia um único dia sem que se visse Leão passar levando seu carrinho com gelados de diversos sabores. Ele era esperado pela clientela fiel.
"Leão, de que tem hoje?" - Perguntavam os funcionários das lojas, e ele respondia com aquela voz grossa, alta e explicada que dava pra ser ouvida ao longe: "Tem aqui, de baunilha, goiaba, abacaxi, tudo uma delícia!"
Nisso, ia logo pegando um copinho e servindo a freguesia que conhecia e fazia questão de conversar e dar seu parecer sobre qualquer assunto em evidência.
Local de parada
Havia um determinado lugar onde parava e ficava oferecendo aos passantes. E havia um detalhe interessante: ele se envolvia em quaisquer conversas de corpo e alma, principalmente se fosse sobre política ou futebol, de tal forma que parecia que não tinha mais nada pra fazer. O bate-papo animava-se grandemente e era um espetáculo à parte. Nesses momentos de importação saía de tudo, sendo mais importante que a vendagem do seu produto.
Papai sabe tudo
Não havia ninguém naquela área que ele não soubesse o nome, e, se não sabia, perguntava sem cerimônias e logo estava com a ficha completa todos os indivíduos. Ele brincava com uns, contava piadas, fazia gozação com outros e nisso só se ouvia sua voz, em alto e bom sim, explanando suas ideia como se fosse o dono do mundo. Não se podia dar liberdade senão ele exagerava.
Bom vendedor
Engraçado era que, apesar dos pesares, vendia tudo que levava consigo. Quase sempre chegava algum retardatário e aí ele bradava: " Não tem mais! Já acabou! Olhe aqui. Não veio logo. Boi ronceiro bebe lama!" Mostrando os vasilhames vazios.
Quem perdeu, saía com água na boca e desejo de: mamãe eu quero.

Visão Celestial - 'Poemeto'
Mais que de repente
Vi a lua, linda,
Bem iluminada
Quarto - crescente
Brincando de esconde - esconde
Com uma nuvem
Impertinente, Insistente,
Insolente,
Querendo ocultar a luz,
Encobrindo o brilho lunar
O vento tomou partido
Soprando forte,
Abrindo espaço
Para o esplendoroso espetáculo
Nenhuma estrela apareceu
E a lua,
Simplesmente bela
Reinou sozinha e soberana no céu.
*Malude Maciel, Academia Caruaruense de Cultura, Ciências e Letras, ACACCIL, cadeira 15 pertencente à professora Sinhazinha.
