
Polarização esquerda X direita sobre tarifaço de Trump pode levar o Brasil ao fundo do poço, por José Nivaldo Junior*
12/07/2025 -
A equilibrada crítica do deputado Eduardo da Fonte ao clima de Fla X Flu que se criou em torno das tarifas de Trump, que li hoje no Blog do Luís Machado, é mais uma esperança de que as autoridades, lideranças e torcedores políticos em geral baixem a bola, deixem de lado as respectivas narrativas dignas de torcidas organizadas e encarem o fato com a devida seriedade. A guerra de versões descabidas esquerda x direita, em nada contribui para o Brasil desatar o nó da mais grave crise diplomática e tarifária que o país enfrenta desde a segunda Guerra Mundial.

Opinião equilibrada
Ontem, O Poder publicou outra opinião sensata, da senadora Tereza Cristina, ex-ministra da agricultura do governo Bolsonaro e líder do agronegócio. Disse ela: "Este episódio entre Estados Unidos e Brasil deve nos ensinar definitivamente que, nas horas mais importantes, não existe um Brasil de esquerda ou de direita, existe apenas o povo brasileiro e nós representantes do povo temos de ter a capacidade de defender o povo acima de nossas diferenças".
Fatos e versões
No dia da divulgação da mal-engembrada carta de Trump, publiquei aqui em O Poder um alerta que de nada serviu para que os atores políticos baixassem o tom e tratassem o caso como deve ser tratado. Disse eu:
"Os argumentos na carta de Trump são justificativas que existem mas não são os motivos essenciais da declaração da guerra tarifária. Esses remetem ao protagonismo dos BRICs e à proposta de Lula de uma moeda alternativa ao dólar. O Império americano se sustenta em duas pernas: o poderio militar e a moeda. Cortou uma perna, o Império cai. Trump botou o bode na sala para negociar o que interessa. Resta à diplomacia brasileira entender isso e agir com pragmatismo".
Entendeu?
Apenas o STF, motivo de tantas críticas da sociedade, diversas delas procedentes, e um dos alvos da carta de Trump, agiu com sabedoria e cautela no episódio. "Nada a declarar". Com isso, saiu da linha de tiro e deixou o governo, partidos, políticos e militantes se engalfinharem numa briga contra um adversário fora de alcance. Nada do que foi dito por aqui incomodou Trump. Visando, o objetivo menor e inoportuno, no momento, de ganhar espaço dentro da banda emocionalmente atrasada do País. Explorando os sentimentos do patriotismo primário, beirando a bazófia e a patriótada.

Voltando a Dudu da Fonte
Sobre as críticas do deputado pernambucano Eduardo da Fonte, diz Luís Machado:
"O que não se sabe é se as palavras de Dudu da Fonte ecoarão no Congresso Nacional, já que até agora não tem havido vozes capazes de colocarem panos mornos numa crise que pode se agravar ainda mais. De fato, não é possível que o Governo brasileiro, mesmo sabendo das dasastrosas consequências que poderão alcançar a economia brasileira, não se dê ao trabalho de usar a cabeça, para deixar que Trump use suas bravatas e fique falando só. Ao invés disso, o Governo está é jogando mais azeite na fogueira, esquentando ainda mais a temperatura das relações entre os dois países, que já são muito ruins. De quebra, ainda açoda o clima de animosidade entre petistas e bolsonaristas".
E mais
"É impressionante como esse Governo sequer se dá ao trabalho de lembrar que há setores produtivos no Brasil, que só almejam uma coisa: tocar seus negócios e que só sabem que existe política partidária, porque a mídia lhes traz, no cotidiano. A estes não interessam as picuínhas políticas. Só querem tocar seus projetos e nada mais que isso. Aliás, eles querem outra coisa: que o Governo brasileiro tenha juízo e não os atrapalhe".
Reflexão necessária
Sem defender um milímetro Trump e sua política externa capciosa, imperialista, agressiva e errática, o Brasil, se quiser desatar o nó, tem que considerar alguns detalhes. Sem valorar se estão certos ou errados. O STF, realmente, adota medidas que contrariam interesses de grandes companhias americanas; adota comportamentos jurídico-políticos que contrariam o senso comum dos Estados Unidos. O Governo Lula III assumiu posições, certas ou erradas, não vem ao caso, frontalmente contrárias à política externa dos EUA. Da América Latina, ao Oriente Médio, passando pela Ucrânia. Além disso, o Brasil está usando os Brics para criar um bloco hostil aos Estados Unidos e tentar desbancar a hegemonia do dólar. E trouxe o Irã para o bloco, no pior momento das relações do país com os EUA. Isso desafia o Império. É o essencial para explicar as medidas retaliatórias de Trump.

Fuck You
E, para não passar batido, muitos dos que agora estilam com o desrespeito de Trump às instituições brasileiras riram e bateram palmas quando a primeira-ministra, digo, primeira-dama do Brasil, em evento público internacional, mandou um secretário de Estado americano levar o que Luzia levou na horta. Quem não pode com o pote, nem deve pegar na rodilha.
Negociar é diferente de arengar
Tudo o que o Brasil oficial fez desde a desrespeitosa carta de Trump, em nada contribuiu para desarmar os espíritos e para o entendimento. Mais do que um estilo de tratar conflitos, é uma decisao: queremos resolver a bronca ou agravar a tensão?
Isso é o que se coloca. Na real. Sabendo que a rodilha é leve mas o pote é pesado.
*José Nivaldo Junior é historiador, especialista em marketing político e diretor de O Poder. Da Academia Pernambucana de Letras.

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