
"Tem muito mais caroço nesse angu" - Por Jarbas Beltrão*
22/07/2025 -
Aos poucos vão aparecendo "coisas cabulosas" neste recente conflito Brasil x EUA
'Razão e razões'
Pois é, será que já chegamos dentro do cercado da Casa Branca, onde ainda se escondem outras razões manobrada por Trump, para justificar a aplicação do "torniquete tarifário" ao Brasil?
Tive oportunidade em nosso último encontro aqui no "O Poder" de revelar que a ameaça para aplicação do "torniquete tarifário" Trumpista, teria muitas outras razões, e não apenas aquela que o"lourão", inicialmente apresentou, seja, a "perseguição injusta e injustificável" ao ex-Presidente Bolsonaro.
Era, sim, a perseguição, apenas razão, que esconde outras razões, o que leva a admitir que tem muito mais"caroços nesse angu", que ainda não deu sinal de transparência do lugar onde se esconde dentro do "mingau". "Caroço", não é caroço, é, sim grãos de milho, mas todos eles com cor amarelada, que se mistura na massa do angu. Engoliu algum, resulta em engasgo.
'O conflito'
A situação desse conflito comercial e político, EUA x Brasil está provocando efeitos trazendo algo indesejavelmente tenebroso, cabuloso, pouco ético e por aí vai, revelando níveis altos de descontentamento do governo americano, que resultou no tarifaco de 50%, mas não tem ficado apenas no tarifaço, que inclusive já promete ir além dos anunciados 50% a partir de 1° de agosto.
EUA, histórico aliado comercial do Brasil, vem perdendo primazia desde os primeiros anos do Século XXI e, já em 2009, passou a ter o 2° lugar perdendo posição para a China - aí incluidos China Comunista, Hong Kong e Macau.
Estamos assistindo um vai e vem de decisões de ambos os lados, mas a aposta de Trump vai escalando em ritmo acelerado.
'Brasil se descolando do Ocidente'
Descontamento do "laranjão" sem dúvida está focado no "bandeamento" do Brasil, deslocando-se em direção ao bloco geopolítico de oposição aos interesses dos aliados ocidentais, colchão que o Brasil acomodou-se desde quando Getúlio Vargas declarou guerra as forças do Eixo (2a. GM), aliando- se, naquela época com o grupo de países tendo à frente: EUA, França e Inglaterra.
Com a derrota dos exércitos nazistas, o mundo assistiu ao aparecimento de um conflito entre blocos, que marcou toda História dentro do período de 1945 até 1989/1991 - A Guerra Fria (capitalismo x socialismo).
'Ressurgimento do conflito gerador da guerra fria'
Diria, sem medo de errar, que estamos diante de um novo momento da guerra fria (que nunca desapareceu), e o Brasil no meio do "fogo cruzado", e não mais um simples figurante.
O atual conflito, comercial, político e diplomático, entre Brasil x EUA, é a revelação do ressurgimento desse conflito não acabado denominado "guerra fria", Comunismo X Ocidente. No lado oriental, que é anti-ocidental, surgem dois novos protagonistas, China e Iran. Este conflito revela bastante vivo o projeto do "internacionalismo proletário", surgido com o Comintern leninista, hoje detendo particularidades, típicas do momento histórico atual.

'O Comunismo não morreu'
Parafraseando o respeitável prof. doutor Flávio Gordon, historiador e cientista político que nos seus trabalhos e em diversas conferências, em livros, como: "Globalismo e Comunismo" e "As metamorfoses das ideologias de massas no século XXI ", que afirma: "A queda da União Soviética foi uma trama da burocracia da KGB para relaxar a vigilância ocidental". De fato, o projeto internacionalista marxista continua, e tem agora na frente o Partido Comunista Chinês, mais que fortalecido com financiamento das corporações capitalistas que ampliaram seus capitais na China, a partir da política econômica de Deng Shao Ping resultando na transformação do "dragão asiático" na 2a. maior economia do mundo. Estamos assistindo, em parte, o desmentido da tese do prof. de Harvard, Francis Fukuyama, com a "queda da União Soviética", apresentada no livro: "O fim da História". Nada disso, meu caro. O Império Soviético caiu, mas o comunismo sobreviveu e se reinventou.
'A nova guerra fria'
O tabuleiro geopolítico, hoje, pode ser fotografado com presença de dois Blocos, antagônicos:
1) Bloco da aliança Ocidental e Otan. Defende práticas de comércio com primazia dos EUA, defesa de uma sociedade livre, e projeto de expansão da economia de mercado de consumo. Trump está conseguindo reagrupá-lo.
2) Bloco dos países dos governos autocráticos e que até agora absorveu parte de um sub-bloco, o islâmico. Seus participantes: Rússia, China, Iran e outras "generosas ditaduras", representadas no Brics.
'Governo Brasileiro e a divisão dos Blocos'.
As posições do governo brasileiro tem sido de afastamento do Bloco ocidental, seu aliado histórico, com ataques aos EUA, Otan e Israel.
Diante do ambiente geopolitico e da postura do governo brasileiro, Trump, à sua maneira, resolveu agir, ameaçou tarifaço de 50 % e ataque ao que ele entende como violação aos direitos humanos no Brasil, com a perseguição ao ex-presidente Bolsonaro e seguidores.
'Acontecimentos escalando'
Os acontecimentos, foram escalando, o "Lourão", agora seguido pela, "Otan" Aliança militar ocidental, a partir da 2a.GM, agora com um verniz comercial, congregando 32 países, algumas ex-Repúblicas soviéticas, bem como, alguns países que estiveram, no campo de influência comunista, até 1989, sinaliza com tarifaço de 100% para importados brasileiros, que chegarem a seus portos.
A "guerra" vai escalando, e tornando-se preocupante, Brasil vai se isolando de seus aliados históricos, afastando-se de Acordos e Tratados com aliados ocidentais.
O "Lourão" acusa o Brasil de práticas de tarifas desleais aos produtos americanos, que entram em nosso mercado. Isto podendo significar uma ação nociva com efeitos de impedimento ao crescimento da economia de importados dos EUA.
'Outros fatos que contrariam interesses do Ocidente'
Brasil nos dois últimos anos transformou-se no maior comprador do diesel russo e outros derivados de petróleo. Para a Otan e outros aliados significa que o Brasil, estaria "indiretamente" financiando a guerra da Rússia contra a Ucrânia. Putin é perigo pra toda Europa, ao implementar seu plano de restauração do Império Soviético, implementado desde o Golpe de 1917 (Bolchevique).
Brasil é acusado de ser um centro logístico para armazenamento de "urânio enriquecido" para a indústria nuclear Iraniana. Daí, justificar o discurso de nosso governante sempre apoiando a ditadura teocratica Iraniana do Aiatolá Kamenei.

Sanções avançam
Em discursos de parlamentares no Congresso americano e em relatórios do Departamento de Defesa/EUA, o Brasil figura juntamente, com China e Índia, como inimigos dos EUA.
Já Trump avança mais ainda, em sanções tirou o visto de 13 membros da nossa jurisRepúblicae e todos parentes e auxiliares, ameaça impor ordens de Bloqueio aos sancionados com a lei Magnitisck tirar o Brasil do Sistema Swift e cortar serviços da Internet no Brasil.
Ainda neste final de semana, o mandatário americano, pronunciou o seguinte: "Brasil não pode ser transformado num território de controle do comunismo chinês, os EUA, não permitirá. Como 210 milhões de cidadãos e 1 milhão de militares assistem a transformação do país numa nova Venezuela".
Trump e o comunismo
Numa fala de Trump, fica bem muito claro. O "espectro do comunismo" anda rondando este conflito. E parece que o projeto da engenharia marxista avançou por aqui entre nós, e pelo menos até agora sem disparar um tiro. Vou arriscar a dizer: "Estamos diante de uma Revolução Alinskygramsciana".
Saul Alinsky, revolucionário comunista norte- americano. "Regras para radicais" - "comunistas devem atuar nas sombras não precisam revelar suas identidades".
Antônio Gramisc: o teórico da hegemonia cultural. O poder político deve surgir da construção da hegemonia da classe revolucionária na cultura.
O nó está atado e nós no meio do tiroteio. O povão acha bonito esse negócio de socialismo. Comunismo não (?) Kkkk
Do meu buncker na Serra das Russas, relendo "1984" de George Orwell, o gênio denunciador do totalitarismo.
Tenho dito.
*Jarbas Beltrão é Historiador, professor de História da UPE. Mestre em Educação pela UFPB, MBA em Política, Estratégia, Defesa e Segurança pela Adesg (Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra) e Faculdade Metropolitana de São Carlos/SP.
**Os artigos assinados refletem a opinião dos seus autores. O Poder está sempre aberto a contestações e ao contraditório.
