
Moraes e Lula caíram na armadilha de Trump. Saiba porque
22/07/2025 -
Por José Nivaldo Junior*
Veja bem: no primeiro dia da desaforada e deselegante carta de Trump, eu já tinha claro, e disse aqui em O Poder que as razões alegadas pelo presidente dos EUA eram pretextos, não os reais motivos.
Recordando
"Os argumentos na carta de Trump são justificativas que existem mas não são os motivos essenciais da declaração da guerra tarifária. Esses remetem ao protagonismo dos BRICS e à proposta de Lula de uma moeda alternativa ao dólar. O Império americano se sustenta em duas pernas: o poderio militar e a moeda. Cortou uma perna, o Império cai. Trump botou o bode na sala para negociar o que interessa. Resta à diplomacia brasileira entender isso e agir com pragmatismo". Postei aqui no dia seguinte à primeira carta de Trump.
A armadilha de Trump
A abertura da primeira carta de Trump, em 09/07 é política: ao justificar a elevação da tarifa sobre o Brasil, Trump citou Jair Bolsonaro e disse ser "uma vergonha internacional" o julgamento do ex-presidente no Supremo Tribunal Federal (STF). O presidente dos Estados Unidos mencionou também o tratamento dado pelo Judiciário do Brasil a empresas de tecnologia americanas. A abordagem foi diferente do que não aconteceu nas cartas divulgadas anteriormente para outros países.
Ao puxar para o lado político e não mencionar as razoes mais importantes, Trump puxou o governo e o judiciário para a pantanoso terreno das emoções. Lula, respondeu no campo pessoal, como líder mundial que se considera. Moraes, com o fígado, aumentando a dose de punições sempre discutíveis, algumas absurdas, à família Bolsonaro. Quem está longe, leu a carta de Trump e acompanha o STF nos últimos dias, facilmente conclui: "Puxa, há perseguição política mesmo".
Enquanto isso
O BRICS, verdadeiro alvo, sofreu uma estocada de Trump, que declarou: se o bloco realmente se viabilizasse, teria vida curta. Aí está a questão. O BRICS, inicialmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, incorporou, este ano, como membros permanentes o Irã, a Arábia Saudita, o Egito, a Etiópia e o Emirados Árabes Unidos. O objetivo principal do BRICS é a cooperação econômica e a ampliação da influência desses países no cenário global. E buscar um desenvolvimento mais equilibrado, com foco em temas como comércio, investimentos, segurança e questões sociais.
Na prática
É um bloco comercial mais poderoso do que a União Europeia. Já tem um banco, com sede na China. Lula lançou a proposta de uma moeda comum para substituir o dólar. Esse é o verdadeiro perigo para a supremacia americana. Isso é que deveria ser ressaltado e ficar claro para o mundo. O bloco, unido, tem três potências atômicas e várias economias pujantes e decisivas na balança mundial.
Objetivo de Trump
Punir e isolar o Brasil, enquanto é tempo de desacelerar o BRICS.
E por aqui
Insistem na queda de braço política, dando pretexto de graça para Trump prosseguir com suas ameaças de taxação. Sem envolver os demais países do bloco. Trump pode arrasar o Brasil mas não encara um conflito pesado contra as potências do BRICS.
Agora, jogar um jogo desse usando o fígado, dificilmente vai dar certo. Mas ainda é tempo, o Brasil ainda tem fórmulas para evitar o abismo.
*José Nivaldo Junior é historiador, publicitário especializado em marketing político, da Academia Pernambucana de Letras. Diretor de O Poder.

NR - Sozinhos, os membros que compõem a sigla que nomeia a aliança possuem expressiva relevância econômica e demográfica a nível global. O BRICS, após sua expansão, representa:
Mais de 45% da população mundial;
30% do território do planeta;
29% do PIB global;
Mais de 40% da produção total de petróleo no mundo;
25% da participação nas exportações globais.