Em silêncio, sob o risco de ir preso por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do STF, o ex-presidente Jair Bolsonaro pode se favorecer com a medida cautelar, avaliam estrategistas e integrantes do Partido Liberal, PL. Bolsonaro, que está usando tornozeleira eletrônica, está proibido de usar as redes sociais, e dar declarações à imprensa porque as falas não podem ser reproduzidas nas plataformas digitais, conforme decisão de Moraes. Na avaliação do grupo de Bolsonaro, as cautelares podem impulsionar o discurso de que há uma perseguição da Corte às vésperas do julgamento da tentativa de golpe de Estado. A previsão é que o chamado "núcleo crucial" seja julgado em setembro.

"O silêncio pode ser mais eloquente"

Aliados observam ainda que Bolsonaro, sem dar declarações, evita se complicar no processo judicial com ataques à Corte e também de dar explicações sobre as medidas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, ao Brasil, como a sobretaxa de 50% a produtos nacionais. Na avaliação de um importante quadro do PL, a cena reverbera mais do que uma declaração de Bolsonaro, que costuma falar muito e se repetir nas mesmas críticas de que é vítima de um ativismo judicial. "Para quem sempre fala muito, o silêncio pode ser mais eloquente", disse um integrante do PL.

Moraes ainda não se manifestou após a defesa do ex-presidente pedir para que o ministro esclareça os limites da decisão que proibiu Jair Bolsonaro de utilizar redes sociais, seja de forma direta ou por meio de terceiros.