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Crônica - A estrada de ferro Recife-Caruaru e o esplendor das ferrovias no Brasil por Roberto Vieira*

28/07/2025 -

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Cazuza dizia que somos um museu de grandes novidades. Semana passada, a idéia de um ramal ferroviário entre Recife e Caruaru apareceu no noticiário local. O fato parece novo, mas estrada de ferro entre Recife e Caruaru já foi novidade por estas bandas. No século XIX.






Barbosa

A construção da ferrovia começou em 1881, com o trecho inicial entre Recife e Jaboatão sendo inaugurado em 1885. A expansão continuou, com a chegada a Gravatá em 1894 e Caruaru em 1895. A Estrada de Ferro Central de Pernambuco, enfrentou desafios na travessia da Serra das Russas, exigindo a construção de viadutos e túneis para superar o relevo digno de uma epopeia. A estação de Caruaru foi inaugurada pelo governador Barbosa Lima Sobrinho com direito a seis vagões lotados de convidados. O trem foi saudado com alegria em Jaboatão, Moreno, Vitória, Bezerros e Caruaru.

Conhaque

Durante a viagem e no almoço comemorativo em Caruaru, o que não faltou foi comida e bebida. Cerveja e conhaque à vontade. Xerez, rosbife, chocolate e duzentos talheres na mesa. Discursos de representantes dos principais jornais da capital. O trem partiu às cinco da manhã e deixou a capital agreste às onze da noite. Cinco da manhã, o governador Barbosa Lima se recolheu com os viajantes para se recuperar do festival gastronômico. Digno da Roma Antiga. O conforto dando de dez a zero na Caruaruense e Progresso.





Dezembro

Após o dia primeiro de dezembro de 1895, o algodão e o cidadão pernambucanos podiam sair de Caruaru e chegar ao centro do Recife com o conforto e precisão dos trens em seis horas de viagem. Meio de transporte que revolucionou o mundo, o simpático trem foi companheiro de vida dos nossos antepassados. Até chegar JK.

JK

Juscelino foi um presidente arretado. Pé de valsa, democrático, construtor, Juscelino fez a opção por Brasília e pelo petróleo - não fosse ele forjado na campanha do petróleo é nosso. Infelizmente, para cada automóvel fabricado morria uma Maria Fumaça no mercado. O Brasil se tornou das raras nações ocidentais a deixar de lado os trilhos. Qualquer viajante brasileiro nesse planeta sabe como é bom cruzar países e continentes no velho e bom trenzinho. Tema de clássicos de Vila Lobos e Milton Nascimento.

Mauá

As ferrovias no Brasil nasceram com o Barão de Mauá, o menino prodígio das finanças nacionais em constante embate com Dom Pedro II para saber quem era o brasileiro mais sabido. Mauá fazia cálculos ingleses, teve mestre escocês e sonhou com um país do futuro. Quase faliu. Porém, os trens mudaram a história do Brasil.





Sonho restaurado

Raquel e João no máximo passearam no Trem do Forró por estas bandas. Do sonho ferroviário pernambucano nada restou. Só alguns trilhos aqui e ali. Jarbas Vasconcelos duplicou a BR 232, mas trem era tabu. Nem Jarbas se meteu no assunto. Talvez porque esse negócio de bonde, ônibus elétrico e trem seja coisa de país pobre e atrasado. Como a Suíça e o Canadá. Nós somos ricos. Modernos. Jetsons. Que venha então o trem pernambucano. Só não precisam dizer que esse piui é novidade. E que façam outros banquetes como aquele de 1895. Nós do jornal aceitamos convites.

*Médico e cronista.
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