Brian Ballard, advogado próximo ao presidente Trump, comentou os motivos para a imposição de tarifas de 50% contra os produtos brasileiros a partir de 01/08, à CNN. Ballard é um lobista dos EUA que ocupou cargos de liderança em campanhas políticas estaduais e nacionais. Ballard foi nomeado uma das "500 Pessoas Mais Influentes de Washington, DC" pela Washingtonian e classificado como uma “figura de referência” pelo “Financial Times”.

Questionado sobre o contexto político da carta de Trump a Lula, Ballard afirmou: "Vou dizer que este presidente é muito sensível e solidário com líderes políticos que são processados por aqueles que assumem o poder posteriormente. Ele acredita que isso está acontecendo no Brasil", disse. No caso brasileiro, o processo contra Bolsonaro se dá pelo Poder Judiciário, e não pelo Executivo. "Em muitos aspectos, isso é muito semelhante ao que aconteceu nos EUA. E sei que este presidente está muito preocupado em ver processos políticos contra ex-líderes de um país", disse Ballard.

Fatores da taxação

Questionado sobre os motivos da taxação, Ballard atribuiu a medida a uma série de fatores, incluindo o papel do Brasil no Brics, a proximidade do presidente Lula com o líder chinês, Xi Jinping, e os discursos que propõem o fim do domínio do dólar. Ballard recomendou que o governo brasileiro se esforce para falar diretamente com Trump e disse que "Trump é um negociador duro, mas é um negociador justo". "...como vocês viram em seu histórico, Trump adora conversar diretamente".

Acordo o mais rápido possível

“Qualquer governo que ainda não tenha fechado um acordo com os Estados Unidos, que vê o que o Japão fez, vê o que a União Europeia acabou de fazer, seria tolo se não fizer de tudo para resolver isso o mais rápido possível”, adicionou. “Eu garanto que ele gostaria de um acordo justo com o Brasil”, comentou Ballard.

Ao falar sobre países que estão fazendo acordo com os EUA, o advogado disse: "Não queremos outra Venezuela, não queremos outra Cuba. Não queremos que esse tipo de coisa aconteça". Tanto a Venezuela como Cuba são antagonistas históricas dos norte-americanas e não mantêm relações formais com os EUA.

Recomenda que o Brasil preste atenção ao que Trump pede

“Eu recomendaria fortemente que as pessoas no Brasil prestassem muita atenção ao que ele está pedindo”, pontuou, ressaltando que as negociações com a União Europeia também foram difíceis, mas que houve um acordo. “É preciso dar muito crédito ao presidente Trump e à sua equipe por terem conseguido resolver tudo isso. Não foram apenas questões econômicas, houve também questões políticas, e eles conseguiram resolvê-las”, comentou. “Espero que isso seja resolvido de uma forma que seja benéfica para o povo brasileiro, mas que também permita ao presidente Trump alcançar o que ele deseja e o que ele considera justo”, concluiu.