
A estratégia Trump e a contagem regressiva para o tarifaço
05/08/2025 -
José Nivaldo Junior*
Amanhã, quarta-feira, 06/08, se não houver cavalo de pau no que está anunciado, começam a valer as regras do tarifaço para, aproximadamente, metade do volume de mercadorias brasileiras exportadas para os Estados Unidos.
Nesse confronto
O Poder tem uma posição clara. O Brasil não tem nada a ganhar. Trump usa suas atribuições presidenciais para impor, o que na visão dos Republicanos, é necessário para recuperar a grandeza e prestígio do Império americano meio decadente. Dissemos no primeiro dia: o imperialismo dos Estados Unidos caminha com duas pernas: a força militar e a hegemonia do dólar. O Brasil, pelo seu presidente, assumiu, no Brics, a bandeira de substituir o dólar nas transações internacionais. Isso seria cortar uma perna do imperialismo. Até concordo com a tese. Mas Trump não quer nem ouvir falar.
Certo ou errado?
Muitos leitores de O Poder, levados pela paixão ideológica que divide o povo brasileiro, confundem análises com posições políticas. Nosso discurso não é ufanista, como o de Lula; nem Kamikaze como o de Alexandre de Morais; e muito menos trumpista, como a familia Bolsonaro. A nossa abordagem tenta ver os fatos como os fatos são. Sem juízo de valor.
Mãos ao alto
Em certas situações da vida, não adianta argumentar. Nem reagir. Adianta fazer o melhor para as circunstâncias. O Brasil, mal comparando, está na situação da família assaltada por um bando armado de fuzil. O que é o melhor a fazer? Xingar os assaltantes é que não é.
Negociar
Imaginem uma família que tem um membro sequestrado. Não existe na vida situação mais injusta, condenável absurda. O que se recomenda que façam os familiares da vítima? Esculhambem os sequestradores? Digam que são os maiorais e que com a soberania da casa deles ninguém mexe? Bem, nem é preciso falar no que deve ser dito e feito. O depois, fica para depois.
Mal comparando
O Brasil está sendo assaltado. Com trabuco na cara. A pergunta é: quer resolver ou esbravejar?
A estratégia Trump
É sempre de bom alvitre conhecer a estratégia do inimigo, ensinam os teóricos da guerra e da política. De Sun Tsu a Maquiavel. A estratégia Trump é singela: Criar uma ameaça maior do que pretende cumprir para ter o que ceder nas negociações. Vem funcionando mundo afora. No Brasil, empancou nos discursos ufanistas e nas medidas do ministro Alexandre de Moraes, que mesmo atingido pelos rigores da Lei Magnitsky, continua dobrando sua aposta.
Trump
Aliviou as tarifas, aplicou a Lei Magnitsky a Moraes, ainda sem efeitos práticos, avisou que pode estender a outros ministros do STF e a familiares de Moraes, mas ainda não fez isso. Espera negociações e gestos, antes de avançar na real. Afinal, se uma ameaça funcionar é melhor do que aplicar os rigores de uma lei super rigorosa. Dá menos trabalho para consertar o estrago.
Seria recomendável
Que gente de bom senso, nos altos escalões dos Três ou Quatro Poderes da República, parasse para traçar uma contra-estratégia levando em conta os interesses nacionais e a estratégia do inimigo.
*José Nivaldo Junior é bacharel em Direito e mestre em História. Autor do 'best seller' internacional Maquiavel, O Poder. Diretor deste Jornal O Poder.