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Intromissões - Os Estados Unidos querem recolonizar e subjugar o Brasil, por Natanael Sarmento*

08/08/2025 -

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Os sapateiros da embaixada dos EUA foram além das sandálias com ameaças e retaliações ( tarifaço e aplicação da Lei Magnisky). Subiram o tom com nota da embaixada ontem contra o Ministro Alexandre Moraes... “no judiciário outras esferas [...] “Estamos monitorando de perto”.
A banalização de atos abusivos alimenta tamanha ousadia? É inimaginável sapateiro estrangeiro ter a veleidade de ameaçar e querer intimidar autoridades do Brasil. Decidir a quem prender ou soltar e querer derrubar Ministro do STF?

Grave violação

É grave violação de regras do direito público internacional. Numa conjuntura de crise, tensões tarifárias e diplomáticas, o suficiente para expulsar embaixador e fechar a legação do pais estrangeiro no Brasil.

Instabilidade

Há fortes movimentos visando a criação de ambiente de instabilidade, a desestabilidade do Estado Democrático no Brasil. Picadeiros armados na Câmara Federal, usurpações de poderes e obstrução dos trabalhos legislativo pelos bolsonaristas, manifestações nas ruas e nas casernas das viúvas da Ditadura. Vide publicação do General Alberto Mendes Cardoso, ex-Ministro de Segurança Institucional (FHC): “Exército de todos os brasileiros, a hora é esta! O povo está a ponto de fazer o que as forças armadas devem levar avante! Lembrem o que está por vir inexoravelmente!” . É preciso desenhar o porvir conclamado pelo militar de pijama?

Leniência classista

Desde que o Brasil trocou a vassalagem capitalista neocolonial de ingleses para Norte Americano as intromissões americanas são frequentes. Com apoio e/ou leniência de classes dirigentes brasileiras - grandes empresários, cúpula militar, políticos entreguistas e outros pescadores de águas turvas.

Longa lista

Daria obra em 20 tomos a história das violações da soberania, das ameaças, golpes tentados e consumados, no Brasil da “America para os Americanos” e do TIAR – Tratado Interamericano de Assistência Recíproca. Intromissões diretas em todos os campos: econômico, financeiro, midiático, pedagógico/ideológico, diplomático, político e militar. FMI/BM; Getúlio Vargas derrubada (1945) e morte (1954); General Dutra – rompimento das relações diplomáticas com URSS; dilapidação das reservas monetárias com importações americanas; cassação do registro do PCB; cassação do mandato de senador de Carlos Prestes e 15 Deputados eleitos pelo povo; criação da ESG – Escola Superior de guerra – às ordens e com instrutores e modelo da War Scholl, da doutrina anticomunista de “Segurança Nacional”; golpe tentado contra posse de JK (1955); golpe parlamentarista efetivado na posse do Jango com poderes limitados (1962); IPES e IBAD – instituições de “pesquisas e estudos” financiadas pela CIA/EUA; infiltração de agentes da CIA – padre Patrick Peiton e pastores; A participação ativa do embaixador Lincon Gordon na conspiração golpista de 1º de abril de 1964, dentre outras.

Invasão do território brasileiro

A “Operação Rubber” foi planejada para ocupação militar do Nordeste brasileiro pelos marines americanos, em 1942, caso Getúlio não se dobrasse à geopolítica imposta pela Casa Branca. A ocupação abrangia, inicialmente, Natal (considerado estratégico pela posição geográfica mais próxima da África e Europa), Ilha de Fernando Noronha, Fortaleza, Recife e Salvador. Foi o “empurrãozinho para Getúlio sair da “neutralidade”. Assinava acordo com os EUA e abria as cancelas da Amazônia para exploração da borracha e recursos minerais, ademais de permitir o estabelecimento de bases americanas em nosso território. Espiões em terra e aviões mapeavam as bases de defesa militar do Nordeste. Do relatório (110 páginas disponíveis nos Arquivos Nacionais dos EUA) concluía que as “defesas do NE erram “insuficientes” em armas e treinamento dos soldados. Os americanos não precisaram deslocar a Frota surta na base naval da Virgínia pronta para a invasão. Natal foi invadida, pacificamente, por 10 mil soldados americanos. A população da cidade era 30 mil. Os americanos criaram a base aérea de Parnamirim. Os impactos econômicos e culturais dessa americanização é assunto para outra crônica.

Campo de Concentração

A base Aérea de Parnamirim entre 1952-63 servia de aeroporto e também de campo de concentração de opositores políticos, submetidos a torturas medievais sob a batuta de militares da FAB e da polícia. As Cartas torturados no local, médico Vulpiano Cavalcanti e jornalista Luiz Maranhão são apavorantes, responsabilizam o comando do Major Roberto Hipólito da Costa (Disponível Dhnet, Campo de Concentração no RN – Torturas na Base Aérea de Natal – 1952-1963). A doutrina anticomunista do College War/ESG aplicava-se na prática.

Operação Brother Sam

O governo dos EUA deslocou a V Frota para o Atlântico Sul. Caso houvesse resistência de Jango ao golpe da sua deposição, os marines entravam em ação. Pesou a posição de classe Jango que não convocou os militares que restavam fiéis à legalidade e não confiou em armar o povo para defender o mandato que lhe foi confiado. Consta que o deposto agiu para evitar derramamento de sangue, numa guerra civil. Não conseguiu. O sangue dos melhores brasileiros foi derramado nas masmorras da Ditadura Militar que se implantou no Brasil para servir aos interesses do capital e estadunidenses. Golpe executado pelos militares “patriotas” da laia do General Juracy Magalhães para quem: “que é bom para os EUA é bom para o Brasil”.

A pátria não é ninguém?

Tamanhas e tantas vilanias quem sabe levaram o escriba François Silvestre a escrever o precioso ensaio “A Pátria Não é Ninguém” (2002). Síntese trágica da desesperança ou crítica de um indignado dessa trágica história de traições e patifarias? Mui respeitosamente ouso discordar, parcialmente. Considero a síntese “pátria ninguém” válida para as classes dominantes, os venais da pátria do bolso, do lucro do capital e dos privilégios do poder. Tenho como povo os explorados e pátria o “locus” da saga combatente dos Zumbi, Antonio Conselheiro, Carlos Maguella, Manoel Lisboa e tantos outros.

Recado

O povo brasileiro de lutas não são as elites entreguistas da extrema direita e lambedores das botinas sujas de sangue do Tio Sam. Nossa história não difere da história humana da luta de classes. E como tal, nenhuma classe ou alianças entre elas, dita, sozinha, os rumos, faz o que quer, quando quer. Amálgamas de índios, negros, brancos e mestiços explorados têm longa história de resistência. O “fim da história” da retórica neoliberal capitalista é uma bazófia. Sequer nosso povo saiu da pré-história...

*Natanael Sarmento é professor e escritor. Do Diretório Nacional do Partido Unidade Popular.

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