Meu Pai, sempre sábio em seus ensinamentos, dizia nos momentos de perda, que mais valia os dedos que os anéis. Verdade absoluta, hoje sei.
O tempo ensina o pouco valor que se deve dar aos anéis, às joias. Cordões e Pulseiras de nada valem, supérfluos que são. Adereços, apenas. Que fiquem os dedos e, junto a eles, o viço da idade pouca ou da experiência adquirida. De preferência, os dois.
Que restem as unhas como embelezadoras terminais de finos dedos, a enfeitá-los, prontos para coçar um passado que se esconde na palma da mão cheia de calos. Que resistam imunes os dedos que apontam as mazelas, os mesmos que se benzem e fazem o sinal da cruz. Que estalam, quando o aplauso não é permitido.
Continuarei preservando os dedos, mas sem anéis: de nada vale tê-los. Por isso busquei porto qualquer onde descartei os aros que ornamentam, que adornam as dores das safiras, dos topázios e de todas as outras pedras. Os dedos, estes não: quero-os preciosos, plenos, tal qual a alma, viva, feliz e pulsante. Meu pai, como sempre, tinha razão.