Infelizmente tive que experimentar um sentimento estranho, desagradável, sufocante e extremamente doloroso. Embora observasse suas mazelas em outras pessoas, não sabia que mexia tanto, emocionante. Há coisas que só podemos avaliar quando se passa conosco. Não tinha ideia do quanto esse estado de espírito faz sofrer.
Hoje posso compreender a dor de outros órfãos e sei que não é nada fácil enfrentar a morte de um pai, por mais que nos digamos preparados, insensíveis ou inabaláveis e confiantes no próprio controle emocional. Ninguém pode se julgar forte, pois ao chegar o momento da separação real, há um abalo geral na estrutura do ser humano nessa perda e só resta chorar desamparados, importantes e infelizes. Fiquei arrasada com a morte de papai.

Alguns dados

Não sou nenhuma criança e mesmo assim fiquei numa fragilidade infantil com a perda do meu pai em 31 de agosto de 2011. Ele estava idoso, doente, porém raciocinando perfeitamente e ninguém acreditava que se fosse naquela data, porque era forte, aos 86 anos e já havia desistido a 3 AVCs.
Nasceu em Arcoverde no dia 8 de maio de 1925, no entanto passou toda a sua vida em Caruaru, onde estudou, trabalhou, constituiu família e escolheu para viver. Por ironia do destino teve seus últimos dias no hospital Albert Sabin, no Recife, mas ele amava Caruaru, onde serviu ao Exército Brasileiro, foi alfaiate, fez concurso e iniciou como bancário, no Banco Popular. Muito estudioso, conseguiu formar-se em Direito e exerceu a profissão advocatícia, depois de casado. Trabalhou na FADICA, hoje ASCES por 25 longos anos como pessoa da alta confiança dos drs. Tabosa de Almeida e Pinto Ferreira. Foi um desportista, assumindo a presidência da LDC ( Liga Desportiva Caruaruense) por várias gestões. Estava aposentado quando faleceu.

Sonhos

Não realizou muitos sonhos porque sonhava acordado, como cada um de nós, mas seu legado de bons exemplos servirá de conforto e orgulho para a posteridade e nós lhe somos gratos pelo que nos transmitiu com sua honestidade, austeridade, honradez e preocupação com nossos estudos, educação e formação moral e nosso futuro, pelo que muito batalhou e vinha colhendo bons frutos.
As lembranças são imorredoras.
Para mim, sua primogênita, suas últimas palavras foram: "Deus te abençoe, minha filha, e te faça muito feliz".
Seu nome: José Victor de Sousa Nascimento.

Dia dos Pais

Em cada ano, quando se comemora o tradicional Dia dos Pais, quem é órfão sente muitas saudades e relembra muitos momentos que o tempo não apagou e só resta a tristeza.
Sei que não é somente por morte que um pai não está presente, há inúmeros e diferentes casos pelos quais, filhos se sentem sozinhos e choram sua ausência, por exemplo: abandono, separação, desprezo, etc. e isso dói.
E assim, quando constitui instantes de encontros e alegrias para uns, para outros é o inverso.
Mas, a vida traz dessas coisas.
Atualmente sou órfã de pai e mãe, mas procuro comemorar com meus filhos, que, graças a Deus têm seu paizão, enquanto há tempo.