
Campeão mundial de kickboxing resgata jovem náufrago em Itamaracá
11/08/2025 -
Neste domingo, Dia dos Pais, 10 de agosto de 2025, aconteceu um resgate dramático na Ilha de Itamaracá, no litoral norte de Pernambuco.
O incidente
Dois jovens, Helinho e Dudu, estavam pescando a cerca de 3km da costa quando o barco onde estavam foi atingido por duas ondas, por volta de meio dia. Desesperados, viram o pequeno barco de madeira encher de água, e ficar submerso, na linha d’água. Em um minuto se viram na água, segurando no barco, desesperados. Em pânico, Helinho tomou uma decisão arriscada. Jogou fora a gasolina de um tanque de 5L que boiava junto aos pertences dele, apertou bem a tampa, e disse ao companheiro que esperasse agarrado no barco, pois iria buscar resgate. Respirou fundo e saiu rumo à praia, com o coração cheio de medo.
Horas nadando
Com o firme propósito de salvar sua vida e a do amigo, o jovem lutava contra o tempo, sol, mar e a incerteza. Quando cansava de nadar, agarrava a bomba de gasolina vazia, e levantava a cabeça para ver se estava indo na direção certa. Conseguia ver a praia, reunia as forças mais uma vez, e seguia nadando. As horas passavam, e o sol começava a baixar. Conseguia chegar na praia antes de anoitecer? Pensava no amigo e fazia força para chegar antes de ficar escuro, pois sabia que o resgate à noite seria impossível. Já exausto, queimado de sol e com os olhos em brasa, seguia batendo os braços decidido a não desistir. Quando finalmente viu que já estava chegando perto da terra seca, olhou o sol e viu que já passava do meio da tarde. Mais de três horas e meia nadando com a única ajuda de uma bóia improvisada.
Ardendo
Quando finalmente tocou o chão com as pernas, sentiu as forças acabando. ‘Falta pouco’, pensou. Os pulmões ardiam, e deu tudo que tinha para chegar à praia, onde juntava gente, pois algumas pessoas tinham visto o jovem voltando sozinho do fundo. Alguns homens correram para ajudá-lo a sair do mar e trazer para a faixa de areia. Respirava como alguém que acabou de dar uma corrida de 100m rasos. Perguntavam o que tinha acontecido, e quando finalmente baixou a frequência da respiração, desmaiou, exausto e aliviado por ter se salvado. Correram nas barracas para pegar água, e quando finalmente voltou a si, disse o que tinha acontecido. A notícia já tinha se espalhado, e mais gente juntava-se à cena inusitada. Um deles, Marinho, tomou uma decisão acertada. Ligou para o lutador profissional Carlos Budião, morador da Ilha e exímio pescador e mergulhador.

Decisão rápida
Budião estava abastecendo a moto num posto de gasolina quando o telefone tocou. Do outro lado, seu amigo gritou: “Budião, tem um menino num barco naufragado, o outro estourou aqui na praia! Você pode ir buscar o outro?”
Sem pensar duas vezes, o pai de família de 38 anos disparou rumo ao barco de pesca da família, com outro primo que estava com ele no posto, Ailton, também com 38 anos.
Início do resgate
Já sabendo onde Dudu estava, os intrépidos Budião e Ailton em minutos já estavam ligando o barco e rumando para pegar Helinho para ele dizer a direção que eles tinham que ir. Em questão de minutos os três já rumavam à toda velocidade ao mar aberto, com o sol já baixo no horizonte. Velocidade máxima no barco de pesca de 9m e motor a diesel.
Apoio aéreo
Alguém da praia acionou o corpo de bombeiros, e acionaram também o helicóptero da Secretaria de Defesa Social. Os bravos pescadores não sabiam, mas em breve receberiam uma ajuda alada.
Agulha no palheiro
Dudu, enrolado com roupas que deram na praia, tinha tomado líquidos e comido um pouco, foi à frente do barco, os olhos fixos no horizonte. “A gente estava por ali!”, gritou apontando o dedo. Budião nascido e criado naquele mar já sabia onde procurar por conta da correnteza. “Já sei onde ele vai estar!”, gritou, acelerando ainda mais o antigo motor.
Emoção no encontro
“Olha ele ali” gritou Ailton! Dudu estava imóvel agarrado ao barco, só com a cabeça for a da linha d’água. Budião gelou. ‘Será que ele está vivo?’, pensou. O barco naufragou meio dia e já passava das cinco horas da tarde. Não teve nem tempo de pensar mais nada já ouviram o forte barulho do helicóptero de resgate da SDS se aproximando. Instantes depois, outro primo de Budião, Guilherme, tinha sido avisado e veio noutro barco sozinho para ajudar no resgate.
Dudu a salvo
Assim que o barco chegou perto do naufrágio Budião pulou na água e agarrou Dudu, gelado e exausto após ficar mais de cinco horas na água. Levou-o ao barco, com o helicóptero da SDS parado ao lado, distante apenas para o vento das pás não atrapalhar. Ailton e Helinho o agarraram pelos braços e o puseram dentro do barco. Estava salvo!
Despedida
A tripulação do helicóptero observou atentamente todo acontecimento e tendo certeza de que estava tudo sob controle saudou os heróis e foi embora.
Recepção na terra
Já estava escuro quando o barco aproximou-se da praia com os dois náufragos são e salvos, e ainda com o barco afundado rebocado. Uma equipe do Corpo de Bombeiros esperava na praia e prestou os primeiros socorros a Dudu, salvo pela coragem de Budião e Ailton e pela decisão de Helinho de ter vindo à terra buscar socorro.
Dia dos pais
A família dos meninos estava em comoção com o acontecimento, abraçando e beijando os náufragos, agradecendo o heroísmo dos intrépidos primos Budião, Ailton e Guilherme que nem titubearam em partir para o salvamento. Os parentes dos náufragos fazem questão de enviar, através do Jornal O Poder, um agradecimento especial para quem partiu rumo ao mar aberto para resgatar um desconhecido. Menção também ao resgate da SDS que encontrou o naufrágio instantes depois dos pescadores terem localizado.
NR - Imagens Globo Esporte.
