
O pesadelo de Neymar - Quem pensou ser herdeiro de Pelé foi triturado por Coutinho
17/08/2025 -
Por Roberto Vieira*
Todo mundo esperava Neymar. Santos e Vasco da Gama em campo, as duas maiores equipes que o Brasil já teve. O Expresso da Vitória e o Santos de Pelé. Sem falar do milésimo gol de Pelé contra o Vasco. Sem falar que Pelé vestiu a camisa do Vasco no começo de carreira - com bigode e tudo.
Neymar
Neymar teve quinze minutos de brilho e depois foi desaparecendo, perdido na mediocridade da sua equipe atual. Onde tinha Pagão, Tiquinho. Onde havia Gilmar, Brasão. Onde havia festa, a torcida de costas para o campo.

Vingança
Para os mais antigos, essa goleada de domingo foi vingança da bola. Sessenta anos depois. O Santos de Pelé demoliu o Vasco por 5x1 na final da Taça Brasil, em 1965. Era o pentacampeonato nacional do clube santista. Em sequência. Feito jamais alcançado por outro clube brasileiro. Santos que levaria cinco gols do Náutico, em casa, no ano seguinte. Quatro deles de Bita.
Ademir
Quem assistiu ao Vasco nesse domingo, os mais antigos, lembrou com saudade do pernambucano Djalma, dos patetas Lelé, Jair e Isaías, do Chico, Danilo, sem falar do rush de Ademir. Ademir Menezes partindo como foguete, batendo zagueiros na corrida, balançando as redes adversárias. Todo mundo no boteco depois do jogo, amigos do Lelé.

Coutinho
Por último, o detalhe cruel da história. O dedo na ferida cetácea. O maior companheiro de Pelé na história foi Coutinho. Gêmeo siamês. As tabelinhas de Pelé e Coutinho deixando o mundo de olhos esbugalhados. Bombonera, Luz, Centenário, Maracanã. Pois nesse domingo digno das crônicas de Nelson Rodrigues, por capricho, o carrasco santista também se chamava Coutinho. Philippe Coutinho que fez o quinto gol com a sublime frieza do velho Coutinho. Velho Coutinho, o qual segundo Pelé, dentro da área era melhor do que Ele. Restou a Neymar as lágrimas e o abraço do técnico Fernando Diniz. Os jornais desta segunda-feira devem então repetir a velha manchete dos anos 1960, quando Coutinho barbarizava nas quatro linhas: o domingo assistiu Coutinho em dia de Pelé.
*Roberto Vieira é médico e um dos melhores cronistas do Brasil.
