
Brasil patenteia primeira plataforma nacional de vacinas de mRNA
20/08/2025 -
O Brasil registrou a primeira patente de uma plataforma nacional para produção de vacinas de mRNA. O desenvolvimento foi feito pelo Bio-Manguinhos, Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fiocruz, e garante que o país possa produzir vacinas sem depender de royalties estrangeiros. A plataforma brasileira utiliza RNA sintético protegido por um envoltório lipídico que facilita a entrada nas células e ativa o sistema imunológico sem expor o organismo ao vírus. A estrutura permite a produção em larga escala e já existe um lote industrial pronto. Testes clínicos para vacinas contra a Covid-19 estão previstos para começar até o final do ano.
As vacinas mRNA
As vacinas mRNA levam para o corpo uma cópia sintética do RNA mensageiro, que contém instruções genéticas para produzir uma proteína do vírus; O imunizante não contém o vírus vivo ou inativado, apenas a informação para o corpo simular uma parte dele; Quando o mRNA entra nas células, ele orienta a produção de uma proteína específica do vírus. No caso do HIV, por exemplo, pode ser uma parte da estrutura externa do vírus; O corpo reconhece essa proteína como um invasor e começa a produzir anticorpos e células de defesa, preparando-se para combater o vírus real caso haja contato futuro; Como o mRNA pode ser sintetizado em laboratório com agilidade, vacinas com essa tecnologia costumam ter produção mais rápida e com menor custo; O mRNA não entra no núcleo da célula e não interage com o DNA. Ele é temporário e é eliminado pelo organismo depois de cumprir sua função.

Bio-Manguinhos / Fiocruz
Desde 2021, Bio-Manguinhos é considerado pela Organização Mundial da Saúde, OMS, um centro de referência em vacinas de mRNA na América Latina. Localizado no complexo de Manguinhos, no RJ, o instituto já conduzia pesquisas com RNA mensageiro desde 2018, inicialmente focadas no desenvolvimento de terapias contra o câncer de mama. O centro de mRNA de Bio-Manguinhos tem planos de desenvolver vacinas contra 8 doenças prioritárias, incluindo Covid-19, influenza, zika, chikungunya, leishmaniose, tuberculose, vírus sincicial respiratório e oropouche. A ideia é ampliar a autonomia científica do país e fortalecer a capacidade de resposta a surtos e epidemias.