
Tarifaço é erro estratégico dos EUA contra o Brasil
23/08/2025 -
-Por José Severino do Carmo*
Inicialmente, e para não gerar polêmica, é bom esclarecer que não sou nem bolsonarista nem tão pouco lulista. Mas, como entre os talentos que Deus me deu está o de pensar, e, como a Constituição brasileira me dá o direito de expressar o meu pensamento, permito-me convidá-lo a acompanhar um raciocínio, com todo o direito de discordar, parcial ou totalmente.
Medida protecionista ameaça empregos, fragiliza laços bilaterais e gera
insegurança internacional
A decisão do governo americano de impor uma tarifa de 50% sobre as exportações brasileiras representa um equívoco político e econômico. A justificativa, vinculada ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, não se sustenta em termos diplomáticos. Utilizar um processo interno e legítimo do Judiciário brasileiro como motivo para retaliação comercial é desproporcional e perigoso. O impacto será imediato sobre setores como agronegócio, siderurgia e manufaturados
Empresas que dependem do mercado norte-americano perderão competitividade e enfrentarão retração de contratos, com reflexos diretos no aumento do desemprego no Brasil. Estima-se que milhares de trabalhadores, sobretudo em regiões
exportadoras podem ser afetados.
Mais preocupante é o precedente
Condicionar comércio a disputas políticas internas fere a soberania nacional e enfraquece a cooperação internacional. Nesse contexto, preocupa também a postura do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro, que, residindo nos Estados Unidos, atua em favor de narrativas que prejudicam a imagem
do próprio país.
Ao Brasil
Cabe responder com firmeza e equilíbrio. É necessário acionar canais diplomáticos e recorrer a organismos multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio, para reverter a medida. Relações sólidas entre nações não podem ser construídas sobre retaliações que penalizam trabalhadores e produtores.
Espera-se que os Estados Unidos reconsiderem sua posição, em nome da parceria histórica com o Brasil e da estabilidade do comércio internacional. O fortalecimento da democracia se alcança com respeito mútuo, não com sanções injustificadas que agravam desigualdades e colocam em risco milhares de empregos.
*José Severino é membro da UBE, das academias de letras de Caruaru e Pesqueira e da Academia de Literatura de Cordel de Caruaru.