Foi como se a camisa da seleção brasileira, envergada pelo Palmeiras, tivesse embalado os dois times do eixo Rio/São Paulo. Que lideram o Brasileirão. Contra dois do chamado Nordeste, que frequentam a fatídica zona do rebaixamento. Como se não bastassem os três que o Palmeiras enfiou no Sport, invicto lanterna da competição, logo depois o Flamengo, respeitosamente, meteu 8 X 0 no Vitória. A maior goleada da era dos pontos corridos. No agregado, como está na moda, 11 X 0. Em noite com duas faces: uma, ode ao brilho do futebol. Arte e dinheiro. Competência empresarial. Outra, sombras do futebol mal arranjado e carente de recursos e abastecido de incompetência.

Simbolismo

A goleada é muito mais que placar extravagante. É o atestado de que, nos tempos do futebol negócio, vigoram as mesmas regras das grandes empresas. Léo Huberman, no clássico 'História da Riqueza do Homem' explica que as grandes corporações sobrevivem porque crescem engolindo os mais fracos. No ringue dos grandes negócios, o vencedor devora o vencido. No formato dos pontos corridos, os "da parte de cima da tabela" esmagam e cada vez mais se distanciam dos "da parte de baixo". Principalmente, dos que lutam para não cair. Tristes protagonistas de um espetáculo cada vez mais com cartas marcadas. Os grandes tornam-se inalienáveis. Os pequenos, revezam-se na triste posição de 'golfinhos', aqueles que sobem, fazem uma graça e mergulham novamente nas divisões inferiores, onde o modelo se repete até não ter mais divisão para dividir.

(José Nivaldo Junior).