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Mensagem aos jovens: Advogar é uma atitude diante da vida

26/08/2025 -

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José Nivaldo Junior*, reproduzido do Jornal Terra da Gente.

No currículo que. geralmente me apresenta, incluo bacharel em Direito, mestre em História. professor, publicitário, consultor em marketing político. Jornalista, claro, que sou desde os 16 anos. Nessa área, atualmente, diretor do Jornal O Poder. Pois bem: nunca me apresentei como advogado. Até agora. A mudança decorre de que, na data recente de 11 de agosto, dia dos Cursos Jurídicos e do Advogado, recebi a medalha Joaquim Amazonas, a mais alta comenda da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE). A medalha, acompanhada de diploma, é outorgada por dois critérios objetivos: 50 anos de prática contínua da advocacia e nenhum deslize ético praticado durante o período. Também receberam a medalha, em cerimônia na sede da OAB, comandada pela presidente Ingrid Zanella, outros 39 advogadas e advogados que atendem aos dois requisitos. Ou seja: 50 anos inscritos na Ordem e conduta pública e profissional exemplar durante esse período.





Retrato de uma época

Concluí meu curso na Faculdade de Direito do Recife, colando grau no dia 7 de dezembro de 1974. Uma curiosidade: participante do movimento estudantil contra a ditadura, encontrava-me preso, no então quartel da Polícia do Exército, em Olinda. Respondia a dois processos políticos na Auditoria Militar. Recebi autorização especial para participar de dois eventos da programação de formatura: a missa e a colação de grau. Compareci a ambos sob escolta militar.

Depoimento

Foi uma decisão dos órgãos de segurança e da Auditoria Militar. O que seria mais constrangedor, eu ser chamado e não estar presente, todo mundo sabendo o motivo, ou estar presente, sob escolta. A opção do IV Exército e da Auditoria Militar, foi a presença. A escolta postou-se discretamente e havia uma vigilância extra cobrindo todas as saídas, conforme pude identificar 'in loco' e fiquei sabendo detalhes depois. Na verdade, o sistema sabia que eu não oferecia perigo real a nada e muito menos pretendia fugir. Compareci. Tão à vontade que até tirei fotos fazendo brincadeiras com alguns colegas mais chegados. A colação de grau foi na parte externa da Faculdade, na frente da Câmara de Vereadores do Recife. Ironicamente, separado por uma praça e uma rua do DOI/CODI, para onde eram levadas na época as pessoas sequestradas pela ditadura e onde passei os piores dias 38 dias da minha vida. Porém, na solenidade, fui muito aplaudido, em inesquecível manifestação de solidariedade, pelos colegas e pelo público presente. Uma das grandes emoções da minha existência.





O que é advogar

Quando fui comunicado de que receberia a honrosa Medalha Joaquim Amazonas, até hesitei por uns instantes. Devo receber? Mereço? É que me inscrevi na OAB e nunca atuei em qualquer processo como advogado, logo, nunca me ocorreu me apresentar como tal. Depois, refleti melhor. Ora, entrei para a OAB dois meses após ser colocado em liberdade provisória, ainda cheio de restrições, e me mantive nesses 50 anos participando da entidade. Entrei e permaneci pelo peso institucional e representatividade da Casa. Refletindo sobre esses 50 anos bem vividos, conclui, que não apenas merecia o prêmio. Como muitos que sao advogados sem ganhar a vida com isso, tenho uma mensagem para os jovens advogados ou estudantes de Direito: advogar não é apenas atuar formalmente em juízos ou tribunais. É muito mais. É, sobretudo, uma prática de respeito, dignidade, defesa de boas causas durante uma vida inteira. Ser advogado é manter uma atitude de busca pela justiça diante da vida. E isso tenho procurado fazer ao longo da existência. Logo, concluí e anunciei sem falsa modéstia: mereço e fui receber, essa medalha com muita honra.





Emoção

Agradeço à OAB, à presidente Ingrid Zanella e aos colegas, agraciados ou não. Aliás, rever colegas e amigos, nem vou citar os nomes, pois todos merecem reconhecimento, foi muito gratificante. A vida nos separa, nos une, nos distancia, promove reencontros. Saúdo a todos os companheiros em nome de Gileno de Paula Barbosa. Gileno é um caso à parte. Tem raízes familiares em Surubim. Como eu. Colega que conheci no Colégio Nóbrega, onde fui estudar após concluir o então Curso Ginasial no Pio XII de Surubim. Amigo, compadre, irmão da vida inteira, vejam só. Cheguei à solenidade, auditório já cheio, havia uma rara cadeira vazia junto à de Gileno. A solenidade foi uma confluência de emoções. Agradeço mais uma vez à OAB. Aumenta meu compromisso de continuar, vida afora, advogando as melhores causas - a justiça, a democracia, a liberdade, a igualdade. Princípios que nos conduzam, geração após geração, a um mundo melhor.

*José Nivaldo Junior é advogado. Mestre em História pela UFPE. Profissional de Marketing Político com 50 anos de atuação. Autor do best-seller internacional 'Maquiavel, O Poder', e de romances de sucesso. Da Academia Pernambucana de Letras. Diretor do Jornal O Poder.
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