Nata Intelectual

A Rua da Aurora iluminou a infância do poeta Manuel Bandeira. Hoje festeja os duzentos anos do seu morador mais ilustre - o Ginásio Pernambucano. A escola pública mais antiga em funcionamento do Brasil, fundada em 1825. O Recife tem a honra, a grandeza, de manter acesos monumentos históricos. O restaurante Leite também é o mais antigo em funcionamento do país. O Diário de Pernambuco é outro exemplo que desafia o tempo.“O gigante vermelho da Rua da Aurora” acolheu a nata intelectual brasileira. Ariano Suassuna, Joaquim Nabuco, Clarice Lispector, Celso Furtado, Assis Chateaubriand, entre outras estrelas.

Bichos Empalhados

No final da década de 70, terminei o ginasial numa escola pública de Olinda. Meus pais me apresentaram ao Ginásio Pernambucano de janelas brancas e parede vermelha. Tudo era novo, grande, luminoso. O rio, as pontes, o Ginásio, meu coração adolescente pulsando pelas ruas do Recife. Fui matriculado no lendário colégio. “Você sabe quem estudou aqui, rapaz?”. A pergunta frequente dos professores tinha o peso da história sobre o desempenho dos alunos. Sentia a sensação de fantasmas eruditos nos acompanhando pelos corredores de piso de madeira escura, seculares, pesadas portas, escadas e espaços de monastério. Gostava de olhar o Capibaribe pela janela da sala de aula. O barquinho, o pescador, o brilho preto do mangue. O Museu de História Natural Louis Jacques Brunet foi uma grande descoberta. Ver aqueles bichos empalhados como se estivessem vivos revelava a riqueza de conhecimento do nobre Ginásio.





Escola de Referência

Por outro lado, na minha época, o ensino do Ginásio estava em franca decadência. Tanto é que os meus amigos migraram para os famosos "cursinhos" que despontavam como astros ante o temível vestibular do Cesesp. Vinte anos depois, o “gigante vermelho" se reinventou. Feito nos velhos tempos do latim, francês, Inglês. O Ginásio fez jus às origens. Tornou-se escola de referência. A grade curricular tem inglês, espanhol, alemão. No século 21, o Ginásio Pernambucano reescreve a história. Alta cultura do Recife com a diversidade de um mundo complexo. Viva! O Bicentenário da nossa pedra estelar. Parabéns!!! Intelecto pernambucano.


*Romero Falcão, é um cronista que se arrisca a fazer poema torto, autor do livro: Asas das Horas, com prefácio do Prof. José Nivaldo.


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