
Para o Brasil, só resta a esperança, por Ângelo Castelo Branco*
04/09/2025 -
O Brasil atravessa um momento de elevada complexidade política e institucional. A instalação de uma comissão parlamentar de inquérito mista para apurar desvios no INSS expõe fragilidades de gestão em áreas sensíveis, envolvendo milhões de aposentados e pensionistas.
O julgamento
Paralelamente, o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro divide opiniões e mobiliza paixões, com potencial de ampliar ainda mais a polarização já enraizada na sociedade.
Aprovação
No Senado, a aprovação de uma investigação sobre irregularidades nos Correios adiciona mais um ingrediente de instabilidade, reforçando a sensação de que instituições públicas sofrem de recorrentes problemas de transparência e eficiência.
Campo externo
No campo externo, o Brasil se vê em rota de colisão com os Estados Unidos, motivada por divergências ideológicas, contestação do dólar enquanto moeda referencial global e pelo alinhamento a países considerados rivais do Ocidente, o que gera incerteza diplomática e pode afetar interesses econômicos estratégicos.
Insatisfação
No front econômico, a insatisfação com a elevada carga tributária, apontada como obstáculo ao crescimento, soma-se às altas taxas de juros, gastos excessivos e rombo nas contas públicas. O resultado é um clima de estresse político e social que se intensifica à medida que a campanha eleitoral se aproxima.
Centrão
A isso se soma o desembarque de partidos importantes do centrão, que começam a abandonar a base governista no Congresso Nacional, fragilizando ainda mais a articulação política e ampliando a crise institucional.
Conflitos
A situação se agrava com os conflitos abertos entre o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional. Parlamentares denunciam que a Suprema Corte estaria interferindo na soberania do Poder Legislativo.
Vítimas
Por sua vez, alguns congressistas alegam ser vítimas de chantagem: caso o projeto de anistia avance, o STF poderia retaliar o Parlamento obstruindo o mecanismo das emendas parlamentares que garante a deputados e senadores influência direta sobre o orçamento nacional.
Esse embate coloca em xeque o equilíbrio democrático previsto pela Constituição e aprofunda a crise de confiança entre os Poderes.
Conjunto de fatores
Esse conjunto de fatores sugere que o Brasil pode estar diante de uma verdadeira “tempestade perfeita”: crises internas graves, combinadas a tensões externas, sem que surja uma liderança política capaz de articular reconciliação ou pacificação.
A ausência de um projeto unificador e de diálogo entre forças divergentes amplia o risco de paralisia decisória e compromete a confiança da sociedade nas instituições.
O país
O país, mais do que nunca, parece carecer de uma liderança que vá além das disputas imediatas e seja capaz de propor um horizonte de estabilidade e esperança para desintoxicar a nação.
Angelo Castelo Branco*
Ângelo Castelo Branco. Jornalista. Da Academia Pernambucana de Letras.
NR - Os textos assinados expressam a opinião dos seus autores. O Poder acolhe a diversidade de pensamentos e visões do mundo e estimula o contraditório democrático e respeitoso.