Cada qual tem sua forma de ver o universo e a vida. São muitas as questões delicadas sobre as quais não se aplicam as palavras "certo" ou "errado". O foro íntimo é a instância definitiva.
Doenças, em especial, constituem um território onde as decisões de como abordar não se contestam. Há quem prefira o segredo. Outros, a divulgação. Outros, o meio termo. Não tem certo ou errado.

Figuras públicas

Principalmente quando ocupam cargos pelo voto, abdicam do privilégio à privacidade. Estando doentes, a sociedade tem direito à informação. A história recente mostra que bem informar é o melhor caminho. Tranquiliza. O mistério cria ambiente favorável para especulações e fake news. No Brasil, há poucos anos, os então ex-presidentes Lula e Dilma estiveram doentes, Lula também sofreu acidente. Não esconderam. Trataram. Foram curados, sem que o mundo viesse abaixo. Um dia desses a senadora Damares Alves tornou público o seu problema. Vai encarar e se curar. Para não falar no múltiplo exemplo de Bolsonaro que, depois de sofrer a punhalada, já passou por várias cirurgias, sempre comunicando a evolução dos quadros pelos quais passou.

Minha instância superior

Não sou figura pública. Porém, desempenho papéis que vão além da individualidade. Integro instituições relevantes. Tenho presença frequente nas mídias, inclusive no rádio. Todo mês, centenas de milhares de leitores acessam este Jornal O Poder. Não posso simplesmente sumir, por um tempo, sem dar satisfação a ninguém. Deixando dúvidas e possíveis especulações pairando no ar. Comunicar foi a decisão do meu foro íntimo privilegiado, em sentença transitada em julgado.

Histórico

Sou veterano em cirurgias. Esta é a sétima a que me submeto. Em 2007, foram cinco, em sete meses, para erradicar um tumor agressivo no esôfago. Foi uma epopeia. Mas deu certo. Saí curado e com o esôfago preservado.

Hoje

Quando vocês estiverem lendo este artigo, estarei na sala de cirurgia. Um procedimento delicado mas, a priori, sem qualquer ameaça maior. A tecnologia tornou o procedimento não invasivo, seguro e eficaz. Claro que tudo na vida tem risco. Nelson Rodrigues dizia que a gente corre perigo até chupando um picolé. Bem, pelo sim pelo não, vou evitar chupar picolé por esses dias.

PS - Vou tirar uns dias de licença aqui do jornal e das consultorias para me recuperar com tranquilidade e fazer um detox de telas. O Poder continua normal, com a mesma equipe que dá conta no dia-a-dia. Severino Lopes assume a direção-geral, interinamente.

*José Nivaldo Junior é pernambucano de Surubim e não tem medo de bicho papão. Da Academia Pernambucana de Letras.