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O Trânsito é intransitivo, por Gilvando Rios (*)

09/09/2025 -

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Antes eu pensava que intransitivo era só um problema de verbo, coisa de gramática. Mas não, com a crescente imobilidade do trânsito recifense cheguei à conclusão que se aplica também ao nosso suposto trânsito onde os engarrafamentos são uma constante. Andar em marcha lenta, parando e parando tornam intransitivo o nosso trânsito, uma contradição em termos. O imobilismo (onde só o combustível não deixa de correr) supera o transitar.

Carros, ônibus, caminhões, motos e bicicletas disputam um espaço onde a tônica, historicamente, foi determinada pela ênfase ao transporte individual. O automóvel, símbolo de status, se impôs como política pública e escolhas individuais. Abertura de avenidas, construção de viadutos, sinalização viária, sempre o automóvel privilegiando. Quem não podia comprar carro correu para a opção mais em conta, a motocicleta, os desafortunados ficaram com as magrelas. No baixo da pirâmide vieram as carroças e seus pangarés, hoje banidos pela legislação municipal. Dos “burros sem rabo” não se fala, nem politicamente correto seria fazê-lo. Estes estão no último círculo do inferno.

Políticas públicas de transporte coletivo sempre foram abandonadas. Os bondes elétricos da primeira metade do século XX foram descartados em nome da modernização por “atrapalharem o trânsito”. Quem se lembra dos ônibus elétricos da CTU (Companhia de Transportes Urbanos) implantados pelo visionário prefeito, engenheiro Pelópidas Silveira, posteriormente pela ditadura cassado?

O metrô do Recife, ou de uma franja do Recife, símbolo de tecnologia de transporte de massa, regride num processo de sucateamento.

Enfim, enquanto o transporte coletivo é marginalizado avulta o individualismo monopolizando um espaço crescentemente imobilizado pelas leis da Física.

(*) Sociólogo, professor aposentado da UFPB, autor de “Linhas apagadas - a extinção dos bondes na década de 1940” e “A questão ferroviária como questão social”. Em 2022 publicou “A barqueira do Capibaribe e outras crônicas”.

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