O ministro Alexandre de Moraes, do STF, votou hoje, terça-feira, 09/09, para condenar o ex-presidente Jair Bolsonaro e mais 7 réus por tentativa de golpe de Estado. A leitura do voto de Moraes durou quase três horas. Na sequência, os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, presidente do colegiado, vão apresentar seus votos.

Moraes: "não há dúvidas de que houve tentativa de golpe de Estado"

No voto, Alexandre de Moraes pontuou declarações feitas pelos advogados de defesa ao longo das sustentações orais e fez alguns apontamentos citando os réus. Ele também lembrou declarações do ex-presidente Jair Bolsonaro e os bloqueios nas estradas durante as eleições de 2022. Para Alexandre de Moraes, não há dúvidas de que houve tentativa de golpe de Estado. “Esse julgamento não discute se houve ou não tentativa de golpe, se houve ou não tentativa de abolição ao Estado de Direito, o que discute é a autoria, se os réus participaram, porque não há nenhuma dúvida, nenhuma dúvida nessas todas as condenações”.

O 'núcleo 1' da trama golpista quis “se perpetuar no poder”

“E mais de 500 acordos de não persecução penal, de que houve tentativa de abolição ao Estado democrático de direito, de que houve tentativa de golpe, que houve uma organização criminosa e que gerou dano ao patrimônio público. Isso, tanto o plenário do STF reconheceu. E, por ampla maioria, o plenário do Supremo Tribunal Federal é reconhecido por 9 votos a 2”, afirmou Moraes. Além disso, o ministro do STF também declarou que o grupo político do 'núcleo 1' da trama golpista quis “se perpetuar no poder”, independente da vontade popular. Na leitura do voto, Moraes pontuou que não consegue entender como alguém pode achar normal, em uma democracia, uma agenda golpista.

Moraes: "liderado por Jair Bolsonaro"

No voto, Moraes colocou o ex-presidente Jair Bolsonaro como líder de uma suposta organização criminosa que atuou contra a democracia. Para ele, todo o contexto do golpe, incluindo os atos antidemocráticos do 8 de janeiro, quase fez o Brasil voltar para “uma ditadura que durou 20 anos”. Nas palavras do ministro, isso aconteceu porque “uma organização criminosa não sabe perder as eleições”. “Porque uma organização criminosa, constituída por um grupo político, liderado por Jair Bolsonaro, não sabe o que é um princípio democrático e republicano da alternância de poder. Quem perde vira oposição e disputa as próximas eleições. Quem ganha assume e tenta se manter nas eleições, mas tenta se manter pelo voto popular. Não tenta se manter utilizando órgãos do Estado. Não tenta se manter coagindo, ameaçando gravemente, deslegitimando o Poder Judiciário do seu país”, afirmou o ministro.