
100 anos - O que as novas gerações precisam saber sobre Armando Monteiro Filho, Dr Armandinho
10/09/2025 -
Por José Nivaldo Junior*
Armando Monteiro Filho, Dr. Armandinho, como era tratado pelos mais próximos, se vivo fosse, estaria completando 100 anos amanhã, 11 de setembro de 2025. Ao contrário do que se pensa, Armando Filho não nasceu em berço com cheiro de melaço. O seu pai, o patriarca Armando Monteiro, só adquiriu a Usina Cucaú, que deu origem ao grupo empresarial, em 1943. Por esse tempo, Armando Filho jogava no juvenil do Sport e se preparava para o vestibular de Engenharia. Com o tempo, assumiria a liderança do empreendimento, ao lado dos irmãos Múcio (precocemente falecido em acidente aéreo no início dos anos 1970) e Rômulo.

A política
Na Faculdade de Engenharia da UFPE, onde ingressou em 1945, participou ativamente da política estudantil.
Casado com Do Carmo, filha do ex-governador Agamenon Magalhães, Armandinho se elegeu deputado estadual, em 1950, mas, pela legislação da época, não pode assumir, desde que o sogro também foi eleito governador de Pernambuco no mesmo ano. Deputado Federal mais votado de Pernambuco, em 1954, Armandinho exerceu mandatos com destaque. Tanto que, posicionado ao lado do trabalhismo, foi ministro da Agricultura do governo João Goulart, entre 1961 e 1962.

A atitude
Homem rico, líder empresarial, Armando definiu os traços fundamentais da sua carreira pelo caminho popular e democrático. Quando veio o golpe de 1964, optou pelo MDB, partido de oposição ao regime. Não foi o único grande empresário pernambucano, mas foi dos poucos, ao lado de figuras como João Lyra Filho e José Ermírio de Moraes, a escolher a trilha difícil e perigosa da oposição. Armandinho foi expoente de luta pela reconquista de democracia, referência em Pernambuco e no Brasil. Quando veio a Anistia, estava ele ao lado de Leonel Brizola, na fundação do PDT. Na época, liderava um grupo empresarial com usinas, banco, indústrias em varios Estados, revendas de automóveis, entre outros negócios. Em 1994, integrou a Frente Popular, disputando o senado ao lado de Arraes governador.

A grande lição
Armando Monteiro Filho não defendia ideias de conveniência. Compartilhava de um projeto de verdadeira soberania nacional, democrático e popular. Na linha de Getúlio Vargas, Agamenon Magalhães, João Goulart, Leonel Brizola e tantos outros. Compromisso de um Brasil para o povo Brasileiro, que estruturou a indústria siderúrgica, criou a Petrobrás, propôs reformas de base e estruturantes de um país verdadeiramente livre e soberano. E, ao longo do processo histórico, fez, nos momentos decisivos, as opções políticas e pessoais em sintonia com suas ideias e valores de um projeto maior. Nunca abdicou do diálogo mais amplo. Teve, na vida empresarial e politica, altos e baixos. Os riscos inerentes a suas escolhas, encarou, sofreu sem reclamar. Morreu vitorioso, no comecinho de 2018. Vida afora, preservou sempre a dignidade acima de tudo. E deixou um legado que, é importante, as novas gerações conheçam: Independente de fortuna, prestígio e poder paira, acima das circunstâncias da existência, a integridade moral, a honra e uma atitude de profundo respeito para consigo e com os outros. Especialmente os que empunham outras bandeiras. Como na política estudantil, viva Dr. Armando Filho, para sempre, viva.
*José Nivaldo Junior é publicitário e historiador. Da Academia Pernambucana de Letras. Diretor de O Poder.

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