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Um bombardeio aéreo na Casa do Governador - Por Silvio Amorim*

10/09/2025 -

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Gênero do texto: “O que é ruim de passar é bom de contar” (Ariano Suassuna).


O senador Jarbas Passarinho, Líder do Governo no Senado Federal, ia chegar em Pernambuco a convite do Governador Marco Maciel, para descansar da intensa atividade no Senado e melhorar de uma labirintite. Eu estava na subchefia da Casa Civil do Governo do Estado. Fui escalado para recebê-lo no Aeroporto dos Guararapes e levá-lo até a Casa de Veraneio do Governador, em Porto de Galinhas, quase sem uso por Marco Maciel.

Um Porto longe…

Seguimos em uma caminhonete "Veraneio" para Porto de Galinhas, levando o Senador e sua família. Durante o percurso, o Senador me disse que estava preocupado, pois ia ficar sem o noticiário da imprensa e, na liderança do Governo no Senado, tinha que acompanhar as notícias. Naqueles anos 80, a Praia de Porto de Galinhas não tinha estrada asfaltada e o sinal de TV não chegava lá, justificando assim a preocupação do Senador. Propus a ele levar os jornais do domingo, o que ele dispensou, dizendo que não me daria esse desconforto e agradeceu. Disse a ele que daria um jeito. Mas não disse como faria isso...

Céu de brigadeiro

Naqueles anos, no Aeroclube de Pernambuco, eu pilotava seus aviões quase todo final de semana. Fui à livraria do Aeroporto dos Guararapes e comprei todos os principais jornais do país, mais as revistas semanais. Fiz um grande pacote e embrulhei num saco de lixo bem amarrado. Levei para o Aeroclube e coloquei o pacotão dentro do avião (Paulistinha P-56C) e decolei sozinho, rumo a Porto de Galinhas. Ao sobrevoar a Casa do Governador, vi que o terreno era grande e tentei deixar o pacote o mais próximo da casa. Fui a 2.000 pés de altitude para ter segurança nos movimentos dos comandos para jogar o pacote, abri toda janela, mirei para jogar e acertar, teoricamente, no centro do telhado da casa, mas seria para cair próxima. Soltei o pacote. Sim, com o vento, meu Ray Ban, também se foi...

No alvo…

Bingo! Fiquei até orgulhoso, acertei no alvo, pois acompanhei visualmente a descida do pacote que “pousou" no centro do telhado da casa, tranquilamente, pra mim...

Ao pousar no Aeroclube, liguei para o Palácio do Governo, que conectava uma linha privada para a casa em Porto de Galinhas. Ao falar com o tenente, ajudante de ordens, que estava na casa, tomei conhecimento do estrago causado e da confusão que, bem-intencionado e involuntariamente, havia causado. Pelo estrondo e pela surpresa foi acionada a segurança da Casa Militar do Palácio e deslocadas viaturas da polícia próximas a Porto de Galinhas, pelo “atentado" ocorrido. Os estragos que os jornais e revistas fizeram no telhado foram de 16 telhas canal grandes quebradas, mais as ripas de madeiras, só parando no forro de laje. Logo que Jarbas Passarinho viu que eram jornais, já foi identificando a origem e descontraindo os seguranças e a Polícia. Passei uns dias evitando o govenador Marco Maciel, mas ele reagiria com muito bom humor. E a minha pena foi, durante muitos anos, ninguém querer saber dos meus feitos ou possíveis êxitos como gestor público, e sim dessa história, que hoje penso: como é que eu fiz um negócio desse!!!


*Silvio Amorim, foi Diretor da Rede Federal de Educação Tecnológica do MEC. É membro do IAHGP. Foi subchefe da Casa Civil do governador Marco Maciel e secretário de Educação do prefeito Roberto Magalhães.


NR - Os artigos assinados refletem a opinião dos seus autores.

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